Por Patrick Clark.
O ano é 2027 (ou 2037), era dos carros autônomos. Os moradores das cidades trocaram as chaves dos carros por serviços de transporte particular. As vagas de estacionamento das ruas foram substituídas por calçadas mais amplas e ciclovias, enquanto as incorporadoras estão ocupadas transformando garagens em necessárias moradias.
Essa é uma visão de como os carros autônomos afetarão o mercado imobiliário dos EUA, apresentada em um relatório do Centro Imobiliário do MIT. Mas não é a única. Mesmo que os espaços de estacionamento recuperados alimentem uma explosão da construção nas áreas centrais, os veículos autônomos estimularão as construtoras a avançarem mais para fora do raio urbano, confiantes de que os compradores de casas vão tolerar trajetos mais longos até o trabalho quando não precisarem mais dirigir, segundo o relatório, patrocinado por uma unidade da Capital One Financial Corp.
No primeiro cenário, as cidades se assemelham mais a Nova York, com ruas amigáveis para os pedestres e frotas de veículos autônomos para transporte público. No segundo, ficam mais parecidas a Dallas ou Phoenix, que já funcionam como uma coleção de bairros afastados do centro.
“Trata-se de uma polarização”, disse Albert Saiz, coautor do artigo, que também engloba assuntos como o futuro do espaço de varejo e estratégias para a produção de moradias mais acessíveis. “Eu vejo ambas as coisas acontecendo ao mesmo tempo.”
Caminho longo
Não existe clareza a respeito de quanto falta para que os veículos completamente autônomos estejam prontos para dominar as ruas, ou de como os governos decidirão regulá-los. As 25 maiores cidades dos EUA geraram um total combinado de US$ 5 bilhões no ano passado com multas de estacionamento, registros de veículos e outras receitas relacionadas, segundo dados compilados pela revista Governing. Os governos também precisarão lidar com a probabilidade de que, com a queda do custo dos veículos, as empresas de frotas possam sobrecarregar as ruas com eles.
Em Nova York, “o planejamento do uso de terrenos será permanentemente alterado” apenas em 2040 para acomodar os carros autônomos, segundo estudo deste mês da Regional Plan Association, um grupo de pesquisa e defesa urbana da área metropolitana.
Ainda assim, Saiz está otimista de que os carros autônomos vão liberar espaços para a construção. As incorporadoras já estão começando a mirar estruturas de estacionamento, postos de gasolina e concessionárias de automóveis, apostando que poderão dar nova utilidade às instalações quando a propriedade de veículos se tornar obsoleta, disse Rick Palacios, diretor de pesquisa da John Burns Real Estate Consulting.
Palacios também acredita que os veículos impulsionarão a expansão ao redor das cidades, mas em sua opinião as construtoras começarão a renovar construções nas áreas urbanas centrais e passarão às áreas suburbanas depois que terminarem com os espaços de estacionamento e outros terrenos antigos.
Em áreas urbanas já populares, os carros autônomos poderiam estimular a gentrificação e aumentar ainda mais o valor dos imóveis, disse Saiz, por e-mail. Por outro lado, os veículos poderiam reduzir o valor dos imóveis ao criar uma nova oferta em áreas longe do centro.
“Lamento não ter uma única resposta”, disse ele, “mas isto é ambíguo!”
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