Por Jeff Black.
Qualquer um que tenha sido pego pelo colapso imobiliário da última década nos EUA ou no Reino Unido provavelmente já saiba disso, mas agora há dados econômicos a respeito: a casa própria pode ser ruim para você.
Para ser mais preciso, a posse de imóveis pode ser prejudicial para a estabilidade financeira das economias como um todo. Essa é a evidência encontrada por um novo estudo publicado nesta semana pelo economista e pesquisador do Banco Central Europeu Gerhard Ruenstler.
Quanto maior o nível de propriedades em um determinado país, mais longos e maiores são os ciclos de crédito. E isso pode fazer uma grande diferença. Com uma taxa de 72 por cento, mais elevada até que a dos EUA, o Reino Unido viu nas últimas décadas três megaciclos equivalentes em volumes de crédito e preços de residências.
Já na Alemanha, onde as pessoas normalmente têm mais propensão a gastar em carros grandes do que em mansões, os ciclos de crédito e os preços das residências acompanham a produção geral bem de perto. Poucos altos e baixos.
O mapeamento dos ciclos financeiros sobre os indicadores de produção está na moda entre os bancos centrais e os economistas acadêmicos neste momento em que os pesquisadores tentam tirar lições da última crise financeira. Desenvolveu-se um campo de atuação totalmente novo, conhecido como política macroprudencial, o que significa que agora os bancos centrais estão mais propensos a tentar conter os booms imobiliários por outros meios — como o limite entre crédito e o valor do imóvel — em vez de simplesmente elevar o custo do crédito.
Atenção às bolhas
Como diz Ruenstler, isso merece mais reflexão. Especialmente em um momento em que os velhos hábitos estão mudando — a própria Alemanha está, atualmente, em meio a um boom imobiliário.
“As diferenças materiais entre os dois tipos de ciclo (e a precisão com que os ciclos financeiros podem ser estimados) justificam uma política de estabilização macroprudencial que difere das políticas monetária e fiscal”, escreve Ruenstler. “Uma pesquisa futura apontando essas três fontes ampliaria ainda mais a compreensão do porquê e de como os ciclos financeiros diferem dos ciclos de negócios e quais são as implicações em termos de políticas”.
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