CEO tenta livrar Fiat Chrysler de dívidas antes da aposentadoria

Por Tommaso Ebhardt.

Sergio Marchionne começa a última etapa de sua carreira na Fiat Chrysler Automobiles com uma missão desanimadora: provar para quem duvida que ele será capaz de acabar com a dívida de US$ 5,29 bilhões da fabricante de veículos antes de abandonar o cargo, daqui a dois anos.

A atualização de sua estratégia será uma apresentação acompanhada de perto na semana que vem no salão do automóvel de Detroit, em particular porque a Fiat Chrysler não apresentará modelos novos neste evento anual. Marchionne sabe que a credibilidade dele depende de suas metas para 2018: o CEO exige sinais de progresso para atingi-las em todas as reuniões da gestão, segundo pessoas com conhecimento das sessões.

E a pressão está dando resultado. Os executivos da Fiat Chrysler se mostraram cada vez mais confiantes em cumprir suas metas nas últimas reuniões com investidores, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque as conversas foram privadas.

Um fato que ajuda Marchionne é uma transição dos produtos a modelos mais rentáveis, como os veículos utilitários esportivos (SUVs, na sigla em inglês) da Jeep ou as picapes da Dodge Ram, em vez dos sedãs, menos populares nos EUA. A linha oferece uma contenção em um momento em que as condições do setor estão se tornando desafiadoras, com o crescimento nos EUA e na China atingindo picos ou desacelerando.

Provavelmente a fabricante de veículos explicará como vai atingir as metas quando publicar os números do ano passado no fim deste mês, disseram as pessoas. A Fiat não quis comentar. Contudo, mesmo com a estratégia melhorada de Marchionne, a enorme maioria dos analistas projeta que a fabricante não atingirá as metas.

Entre elas está gerar até 5,5 bilhões de euros (US$ 5,82 bilhões) em renda líquida ajustada, quase o triplo que em 2015, e converter 5 bilhões de euros em dívida industrial líquida projetada em pelo menos 4 bilhões de euros de caixa. A empresa poderia ficar 42 por cento aquém do número de renda líquida ajustada e ter mais de 3 bilhões de euros em dívida, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.

Ceticismo

Marchionne, 64, já conhece o ceticismo público. Os críticos de suas metas ambiciosas consideram que elas são um “mundo de fantasia” e “não críveis”. O próprio CEO voltou trás há um ano, quando deixou de promover uma meta de 7 milhões de entregas anuais para o grupo em 2018, em contraste com os 4,6 milhões de veículos que a Fiat Chrysler vendeu em 2015. As entregas poderiam ficar quase estagnadas, em 4,8 milhões de veículos anuais, neste ano e no próximo, estimou a empresa de pesquisa IHS Automotive em novembro.

Depois que a General Motors recusou sua proposta de fusão, há dois anos, Marchionne disse que encontrar um sócio para a Fiat Chrysler provavelmente será um trabalho para seu sucessor. Deixar uma empresa sem dívidas poderia acabar sendo seu legado, a menos que mudanças nas condições do mercado e novas políticas implementadas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, lhe deem uma última chance de concluir uma transação importante.

“Marchionne se expressou abertamente sobre o sócio de fusão ideal”, disse Massimo Vecchio, analista da Mediobanca que aumentou sua recomendação sobre a Fiat Chrysler de neutra para uma equivalente a compra em 5 de janeiro. “Vemos algumas possibilidades de que a abordagem não convencional de Trump favoreça um campeão nacional.”

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