China lança futuros de petróleo e desafia WTI e Brent

Com a colaboração de Serene Cheong, Alfred Cang e Jing Yang.

A China lançou o primeiro contrato de futuros de petróleo da sua história, parte dos esforços do maior comprador de petróleo do mundo para exercer mais poder sobre a fixação de preços e desafiar as referências dos EUA e da Europa.

Os futuros denominados em yuans, longamente esperados, eram negociados na Bolsa Internacional de Energia de Xangai a 427.90 yuans por barril (US$ 67,78) para pagamento em setembro, às 14h13, horário local, e com cerca de 18.450 lotes negociadas. Os contratos, que estão abertos a investidores estrangeiros, encerram anos de adiamentos e reveses desde a primeira tentativa da China de listar os títulos em 1993.

Os contratos para setembro das duas principais referências do petróleo denominadas em dólares, o Brent de Londres e o West Texas Intermediate de Nova York, eram negociados a cerca de US$ 68,29 e US$ 64 por barril respectivamente.

O desejo da China de abrir um mercado local para negociar futuros cresceu à medida que as importações de petróleo bruto do país aumentaram. No ano passado, a China ultrapassou os EUA como o maior comprador de petróleo estrangeiro do mundo. Os contratos não só ajudariam a tirar parte do controle da precificação das principais referências internacionais, mas sua denominação em yuans também poderia promover o uso da moeda do país no comércio global — uma meta importante de longo prazo da maior economia da Ásia.

“A China usou esse contrato de forma inovadora, para suprir a falta de uma voz que represente os compradores na Ásia”, disse Li Li, analista da ICIS China, uma empresa de pesquisa sobre commodities com sede em Xangai. “Com este lançamento, o mercado prestará mais atenção na situação da demanda na China.”

Cotação

Os futuros para pagamento em setembro abriram a 440 yuans por barril, acima do preço de referência de 416 yuans. A bolsa afirmou que empresas estrangeiras, entre elas a Glencore e a Trafigura Group, participaram da estreia por meio de corretores.

Permitir que investidores estrangeiros negociem os futuros diretamente é uma novidade para os mercados de commodities da China. A fim de atrair mais participação, a China planeja eliminar os impostos de renda para indivíduos e instituições do exterior. Cerca de 19 corretores estrangeiros tinham se cadastrado para operar os contratos até a semana passada, segundo a bolsa.

A China espera estabelecer uma referência para as transações globais de petróleo, mas há dúvidas se o país asiático atingirá esse objetivo.

Os céticos afirmam que obstáculos como controles de capital, riscos regulatórios e a intervenção de mercados em outros títulos chineses tornaram os investidores céticos quanto à possibilidade de os futuros de Xangai passarem a determinar os preços regionais. Obstáculos semelhantes têm restringido o papel dos investidores nos gigantescos mercados de ações e papéis da China Continental. Por sua vez, os futuros de petróleo bruto que foram testados em Cingapura e no Japão desapareceram devido à baixa liquidez.

“É difícil prever se esse contrato se transformará em um grande motor dos preços do petróleo a corto e médio prazo”, disse Daniel Hynes, estrategista sênior de commodities do Australia & New Zealand Banking Group. “Eu ainda acho que há uma relutância geral dos investidores globais a negociar contratos com sede na China.”

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