China recorre ao livre mercado para conter poluição do carbono

Por Bloomberg News.

Existem pelo menos três bons motivos para um provável sucesso da China na criação do maior mercado de carbono do mundo quando sua iniciativa de limitar a poluição for iniciada no ano que vem.

O governo quer aplicar um custo às emissões de fumaça tóxica para controlar a poluição em cidades industriais, a começar por Pequim. O mercado poderá negociar até 408 bilhões de yuans (US$ 61 bilhões) em certificados por ano e ajudará a tornar a economia mais transparente para os estrangeiros. Trata-se também de uma boa ação de relações públicas, que mostra que a China está comprometida com o combate à mudança climática.

Independentemente da motivação, a medida da China é a maior iniciativa de controle à poluição baseada no mercado até o momento e supera em escala o sistema da Europa, de US$ 55 bilhões ao ano. Trata-se do exemplo mais recente de um país asiático que recorre às finanças para administrar a eletricidade em vez de confiar em controles diretos. Bancos como o China Everbright Bank e o Industrial Bank, além do China Energy Conservation & Environmental Protection Group, estão avaliando agora como lucrar com a iniciativa.

“Como maior emissora de carbono do mundo, a China reconhece que tem um papel importante a desempenhar em termos de política para o clima global”, disse Lee Levkowitz, analista da IHS Markit Energy em Pequim. “O governo chinês também está interessado em desacelerar o crescimento do consumo de combustíveis fósseis para gerenciar melhor sua segurança energética.”

Desenvolvido para oferecer incentivos econômicos à redução da poluição, o mercado de carbono perdeu impulso na última década porque os preços não atingiram o nível de pelo menos US$ 30 a tonelada que o setor diz ser necessário para estimular uma mudança real.

Na Europa, o custo de uma tonelada de compensações de carbono caiu cerca de 80 por cento em relação ao seu pico de 2008, para uma média de 5,52 euros (US$ 6,25) neste ano, porque os políticos não conseguiram enxugar o excedente criado quando a produção industrial e a poluição diminuíram. As autoridades da China presumem um preço similar para os seus créditos, estimando o tamanho de seu mercado com base em um custo de 40 yuans por tonelada (5,30 euros).

Demorará anos saber se o programa da China forçará a redução real das emissões. Existem dúvidas também sobre por que a China poderia fazer o mercado funcionar quando outros fracassaram. Em relação a isso, os defensores da ideia dizem que a China pode simplesmente estar entrando em um mercado em crescimento.

“O mercado de carbono faz parte do esforço maior do governo para recorrer ao poder dos mercados para resolver desafios econômicos, sociais e ambientais”, disse Song Ranping, gerente de ações climáticas de países em desenvolvimento do Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês). “Isso demonstra o compromisso da China para tomar medidas.”

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