Por Bloomberg News.
A China planeja recorrer a todos os meios necessários para proteger sua segurança da informação, entre eles, o uso de seu poderio militar, adotando assim uma rígida postura no primeiro relatório estratégico sobre cibersegurança do país.
Zhao Zeliang, diretor-geral do departamento de cibersegurança da Administração Ciberespacial da China, defendeu uma internet “segura e controlável” em uma conferência de imprensa realizada em Pequim na terça-feira. O diretor revelou um plano para adoção de um processo de revisão de todas as empresas domésticas e estrangeiras de “serviços e produtos de informação essenciais”, antes que sejam considerados seguros para serem comercializados ou implementados no mercado chinês.
A cibersegurança tem sido uma marca do mandato do presidente Xi Jinping. A espionagem e cibersegurança internacional passaram a ser foco de maior preocupação desde as revelações de Edward Snowden sobre os serviços de espionagem dos Estados Unidos; recentemente, agências de inteligência dos EUA culparam a Rússia de ter violado e vazado informações para interferir na eleição presidencial americana.
“A China fará todo o possível para proteger a segurança da informação do país e de seus cidadãos”, disse Zhao, que apresentou o primeiro Relatório Nacional de Estratégia de Cibersegurança da China. O anúncio vem na sequência da adoção, em novembro, de uma abrangente lei de cibersegurança, que exigirá a cooperação de operadores de sites na China em investigações policiais e, em alguns casos, o fornecimento de códigos-fonte e chaves de criptografia.
Qualquer tecnologia a ser usada pelo governo, por agências do Partido Comunista e por grandes setores passarão por um maior escrutínio, disse Zhao. Embora não tenha dado detalhes sobre o tipo de resposta militar que a China usaria para proteger sua segurança da informação, o relatório destaca que as autoridades “defenderão a soberania cibernética da China usando todos os meios, incluindo econômicos, administrativos, científicos, jurídicos, diplomáticos e militares”.
A China começou a desconfiar de operadores estrangeiros e passou a adotar uma postura mais agressiva para proteger seus sistemas de tecnologia da informação. Ao mesmo tempo, o país abriga uma considerável comunidade criminosa de hackers, que causa perdas de cerca de US$ 15 bilhões à economia anualmente, disse Zheng Bu, investidor-anjo e ex-executivo da FireEye, durante uma conferência sobre cibersegurança em Pequim há alguns meses.
O relatório desta terça-feira surge em um momento turbulento para as relações entre a China e os Estados Unidos. O presidente eleito Donald Trump disse que pode deixar de apoiar a política “Uma China”, que reconhece Taiwan e a China continental como parte do mesmo país. O governo chinês criticou os comentários, que comprometeriam “a base política” da relação de ambos os países.
A China também defendeu uma maior cooperação para prevenir a guerra cibernética, de acordo com o relatório. O governo pretende implementar outras medidas relacionadas à lei de segurança e controle do ciberespaço, disse Zhao. “A China quer um ambiente cibernético aberto, mas, ao mesmo tempo, seguro.”
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