Choque de política pode não ser suficiente para salvar o peso da queda do petróleo

Por Ralph Cope.

Medidas de política sem precedentes realizadas pelo Banco Central do México para escorar o peso podem não ser suficientes para contrariar efeitos negativos muito maiores do petróleo e mercado baixista em países emergentes, sugerem as correlações.

Os Bancos Centrais da América Latina têm espaço muito restrito para limitar oscilações de preços nas suas moedas, mesmo quando eles aumentam drasticamente as taxas de juros ou utilizam reservas internacionais. As taxas de câmbio são mais afetadas pelo sentimento geral a respeito dos mercados emergentes e os fatores globais, como os preços do petróleo e das commodities.

Nos últimos 12 meses, houve um aumento da correlação entre os preços das commodities (em particular do petróleo) e a cesta de moedas da América Latina e o peso mexicano, indicando que os mercados cambiais da região continuarão a acompanhar as commodities.
 

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Há também uma correlação crescente entre o peso mexicano e moedas de mercados emergentes, refletindo como o peso tornou-se mais líquido para as nações em desenvolvimento.

A estratégia do México implementada em 17 de fevereiro – aumentar as taxas de juros e vender dólares – não impediu o enfraquecimento de outras moedas regionais. Nos últimos 12 meses, o Banco Central colombiano aumentou a sua taxa de empréstimo de 4,5% para 6% e sua moeda caiu cerca de 25% em relação ao dólar americano.

O Brasil aumentou sua taxa de referência Selic para 14,25 para ver sua moeda enfraquecer apenas 27% no ano passado. O seu Banco Central também vendeu swaps cambiais diariamente, o equivalente à venda de dólares no mercado futuro.

O Peru aumentou a sua taxa de juros de referência e intensificou suas vendas de dólar no mercado à vista e sua moeda caiu cerca de 12% nos últimos 12 meses.
 

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A tentativa do México de intervir no mercado de peso é muito mais ousada do que a do Peru, porque é a moeda de mercado emergente mais líquida do mundo. Significa intervir em um mercado que comercializa, em média, US$ 135 bilhões por dia, de acordo com o Bank of International Settlement Triennial Survey. Com as reservas internacionais do México em US $ 168 bilhões, o que equivale a 1,25 vezes a liquidez média diária do peso, a moeda pode ficar fraca por mais tempo do que o Banco Central pode permanecer líquido.

O desempenho do peso de 16 fevereiro a 17 fevereiro foi intimamente atrelado ao preço do petróleo, apesar da intervenção, segundo dados da Bloomberg. A moeda mexicana, desde então, vem sendo negociada na direção oposta do petróleo, mas ambos Barclays e Morgan Stanley afirmam que essa estratégia irá falhar.

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