Cidades frágeis do mundo precisam de US$ 78 trilhões

Por Jeanette Rodrigues.

Mais pessoas moram em áreas urbanas que em zonas rurais, o que cria enormes necessidades de infraestrutura nas áreas urbanas.

A população urbana deverá chegar a 70 por cento até 2050, contra 55 por cento em 2016, e sua participação no produto interno bruto quase dobrará, para US$ 115 trilhões, até 2030. Entender bem o desenvolvimento urbano será um fator importante para a eliminação da pobreza, segundo o Bank of America Merrill Lynch, e demandará uma grande soma de dinheiro.

“Mais de 80 por cento das cidades do mundo mostram sinais de fragilidade, mas o sucesso ou o fracasso para enfrentar os desafios mais prementes do mundo será decidido nelas”, escreveram analistas do BAML, liderados por Sarbjit Nahal, chefe de investimento temático em Londres, em relatório, neste mês. A infraestrutura necessitará de US$ 71 trilhões a US$ 78 trilhões em investimentos na próxima década e o mercado de “cidades inteligentes” crescerá para cerca de US$ 1,6 trilhão até 2020, contra US$ 1 trilhão atualmente, estimam.

A urbanização ajudou a tirar 500 milhões de chineses da pobreza e o Banco Mundial estima que um aumento de 230 por cento na taxa de urbanização de um país dobrará a renda per capita. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sugere que cada vez que o tamanho de uma população dobra, o nível de produtividade de uma cidade aumenta em 2 por cento a 5 por cento devido à competição, ou aos mercados de trabalho mais profundos e à propagação mais rápida de ideias.

Cerca de 700 grandes cidades da China, sozinhas, responderão por US$ 7 trilhões, ou 30 por cento, do crescimento global do consumo urbano até 2030. Cidades de mercados emergentes de tamanho médio como Ahmedabad e Kochi, na Índia, podem oferecer as melhores oportunidades de crescimento.

Contudo, também existem desafios. Uma pesquisa da ONU identifica governança ruim e instituições fracas como o maior obstáculo para a prosperidade, seguidas da corrupção, da infraestrutura decadente e do aumento da desigualdade e dos crimes. As cidades ocupam cerca de 3 por cento da massa de terra do planeta, mas consomem mais de 75 por cento dos recursos naturais e respondem por 50 por cento dos resíduos globais e também por aproximadamente 76 por cento do uso de energia e das emissões de gases causadores do efeito estufa.

Cerca de 75 por cento das cidades do mundo têm níveis mais elevados de desigualdade de renda do que duas décadas atrás. Até o início dos anos 2030, 2 bilhões de pessoas estarão vivendo abaixo da linha da pobreza nas cidades e serão necessárias 1 bilhão de novas residências até 2025.

O BAML considera uma série de fontes para oferecer uma ideia das condições no futuro: 84 por cento de cobertura global de banda larga; velocidades 5G até 100 vezes mais rápidas que o 4G; 10 bilhões de aparelhos conectados na Internet das Coisas até 2020; Big Data, com 200 milhões de GB de dados/dia para uma cidade de 1 milhão de habitantes até 2020.

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