Por Tim Loh e Patrick Martin.
O casco de 9 metros de um minissubmarino experimental está ajudando a mostrar como os EUA poderiam reutilizar a montanha de carvão que as usinas de energia não estão mais queimando.
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Oak Ridge, no Tennessee, utilizaram fibras de carbono para construir o submersível para a Marinha dos EUA com uma impressora 3D, demonstrando o potencial de novas técnicas de fabricação mais rápidas, mais baratas e mais flexíveis. Mas isso também serve de inspiração a cientistas que visam transformar as enormes reservas de carvão dos EUA em materiais avançados, entre eles as fibras de carbono, agora feitas usando polímeros à base de petróleo.
Existe uma busca por usos alternativos porque as usinas estatais de energia estão adotando opções mais limpas para gerar eletricidade, como gás natural, turbinas eólicas e painéis solares. Não existe a expectativa de que a investigação recupere todos os empregos na mineração de carvão que desapareceram nos últimos anos, mas os especialistas dizem que estão surgindo novas fontes de demanda para a rocha rica em carbono, de eletrodos de baterias a peças de automóveis.
“Nosso slogan é ‘não deixar nem uma molécula para trás’”, disse Edgar Lara-Curzio, que está pesquisando usos alternativos para o carvão em Oak Ridge. “O carvão para a geração de energia vai continuar diminuindo. Aqui existe uma chance de retribuirmos todas as comunidades mineradoras de carvão que se sacrificaram durante muitos anos para nos dar eletricidade barata.”
Declínio
Mesmo após anos de contração, a maior parte do carvão dos EUA continua sendo usada para gerar eletricidade. Contudo, o combustível fóssil representa apenas 30 por cento do mix de energia atual, comparado com cerca de metade há dez anos. Desde 2008, a produção de carvão dos EUA caiu 40 por cento, para 728 milhões de toneladas no ano passado, de acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA. Com menos demanda e mais automação industrial, o número de mineradores caiu 40 por cento, para cerca de 50.000.
Talvez o maior potencial para o carvão hoje esteja na fibra de carbono que já é muito utilizada em aviões e itens de luxo caros, disse Eric Eddings, cientista da Universidade do Utah em Salt Lake City. As fibras fortes, rígidas e ultraleves, feitas de carbono quase puro, poderiam ser usadas para substituir materiais mais pesados, como o alumínio e o aço, em cada vez mais produtos.
Em 2011, Randy Atkins, um empreendedor do carvão e presidente da Ramaco Resources, comprou algumas reservas do combustível fóssil na bacia do Rio Powder, no Wyoming. Mas como cada vez menos empresas de energia querem queimar o carvão da região, Atkins e seus sócios na Ramaco Carbon foram obrigados a reorientar a estratégia.
A empresa fez parceria com pesquisadores, entre eles a Oak Ridge e o MIT, para desenvolver e comercializar novos produtos feitos com o carvão do Wyoming. A equipe de Atkins está construindo um centro de pesquisa e instalações industriais em planícies da região varridas por ventos — ao lado do carvão dele.
“A pesquisa, é claro, vai beneficiar todos”, disse Atkins. “E esperamos que a propriedade intelectual seja criada. O carvão é muito valioso para ser queimado.”
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