Cinco assuntos quentes para o Brasil hoje: 31 de janeiro

Por Fernando Travaglini com a colaboração de Davison Santana e Josue Leonel.

Primeira pesquisa presidencial depois da condenação de Lula ainda mostra um quadro embolado, mas com sinais importantes, como o menor poder de transferência de votos. Além disso, Bolsonaro estacionou, Marina e Ciro herdariam maior parte dos votos petistas e Luciano Huck empata com Alckmin — dividindo o centro. Candidatos ligados à Temer também não emplacam. Cenário se desenrola após ex-presidente ter pedido de habeas corpus preventivo negado pelo STJ enquanto o governo tenta retomar discussões para Previdência. Mercado externo tem manhã favorável antes de ADP e FOMC. Veja os assuntos de hoje:

Bolsonaro perde fôlego; Huck empata

Lula segue na liderança da primeira pesquisa Datafolha após a condenação do ex-presidente. Sem o petista, no entanto, o eleitorado se pulveriza e a briga tende a se tornar acirrada, diz a Folha. Bolsonaro aparece em primeiro lugar, com 18%, à frente de Marina Silva (13%), Ciro Gomes (10%) e Geraldo Alckmin e Luciano Huck empatados (8%). O Datafolha fez 2.826 entrevistas em 174 municípios, com margem de erro de dois pontos para mais ou menos, realizadas na segunda e terça. Ainda de acordo com a Folha, Bolsonaro parece dar sinais de ter perdido fôlego, o que pode se agravar devido ao isolamento político do deputado e à minúscula fatia de propaganda que terá na TV e no rádio. Luciano Huck se move após decisão do TRF4 sobre Lula e retoma comunicação intensa com PPS, diz o Estado.

Marina e Ciro se beneficiam sem Lula

Os números reforçam uma hipótese: a de que, em uma eleição sem Lula, o eleitorado do ex-presidente caminhe em maior volume para Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), diz análise da Folha. Não há indicativo, porém, de que esse cenário se mantenha até a reta final. Olhando apenas a migração de eleitores de Lula, a maior parcela (31%) vai para brancos e nulos, 15% passam a votar em Marina Silva, 14% em Ciro Gomes, 8% em Luciano Huck, 7% em Jair Bolsonaro e 6% em Geraldo Alckmin. Em duas dentre três hipóteses testadas sem Lula, brancos e nulos disputam a liderança com os dois candidatos finalistas, segundo análise da Folha. Nesses cenários, se a eleição fosse agora, o Brasil poderia eleger um presidente rejeitado por quase 70% da população.

Centro ainda patina

Os políticos que disputam uma vaga do chamado “centro” continuam patinando, segundo a pesquisa Datafolha. Alckmin, Henrique Meirelles (1%) e Rodrigo Maia (1%) ainda não empolgaram, sendo que os dois últimos ainda nem conseguiram sair da lona, diz análise da Folha. A perspectiva do maior tempo de propaganda na TV é, porém, trunfo capital para aquele que conseguir vencer a batalha intramuros na coalizão e no entorno de Michel Temer. O presidente, aliás, segue como o pior cabo eleitoral: 87% afirmam que não votariam no candidato que tiver seu apoio.

Condenação pode impactar transferência

O percentual de eleitores que não votariam em um nome apoiado por Lula subiu de 48%, em novembro, para 53%. Outros 27% (29% em nov.) dos entrevistados dizem que o apoio de Lula influenciaria “com certeza” sua escolha, e 17% (21% em nov.) afirmam que “talvez” votassem no nome indicado por ele. PT considera o poder de indicação como o grande ativo do partido depois que a sentença do TRF-4, diz a Folha. O ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT), não passa de 2% na pesquisa.STJ negou ontem habeas corpus preventivo de Lula.

ADP e FOMC

Correção dos mercados tem alívio após fala sem novas pistas de Trump e antes de dia de agenda pesada nos EUA, com FOMC, dado de emprego da ADP e estoques de petróleo. Dólar e yields caem no exterior e S&P futuro aponta alta após índice em NY. Petróleo tem 3ª baixa seguida com receios de alta dos estoques que freie rali; metais avançam em Londres.

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