'Cinco Frágeis' da Opep enfrentam custo crescente da luta por participação de mercado

Por Grant Smith.

Os custos do plano da Opep para proteger a participação de seus membros no mercado de petróleo com uma produção maior que a de seus rivais estão aumentando.

Com os preços do petróleo atingindo os níveis mais baixos dos últimos seis anos, os riscos de piorar a turbulência política estão crescendo nos países mais vulneráveis da organização. Entre eles estão Argélia, Iraque, Líbia, Nigéria e Venezuela, grupo chamado de “Cinco Frágeis” pela RBC Capital Markets Ltd.

Os problemas não acabaram nesses países. Até mesmo a Arábia Saudita está enfrentando seu maior déficit fiscal em quase três décadas, o que levou a consultoria Petromatrix GmbH a dizer que o plano de produzir a todo vapor foi um “equívoco estratégico”.

Os preços do petróleo caíram para perto de US$ 40 o barril em Nova York no dia 14 de agosto e o excesso de oferta internacional perdura há quase nove meses após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo ter revelado seu plano para pressionar os rivais, principalmente as exploradoras do xisto dos EUA. A produção americana teimosamente se recusou a diminuir.

Alguns membros da Opep poderão começar a questionar se o sofrimento é válido, disse Christopher Louney, analista da RBC Capital Markets LLC.

“Se não tivermos uma recuperação até meados do ano que vem, os questionamentos surgirão, tenha a estratégia compensado ou não, e então será necessária uma mudança na estratégia”.

A Venezuela “parece estar em vias de enfrentar uma crise no curto prazo” em meio aos protestos e à escassez de produtos básicos em um momento em que o país se prepara para as eleições parlamentares de dezembro, segundo os analistas Louney e Helima Croft da RBC. O custo para garantia dos bonds de cinco anos do governo subiu para perto da maior alta em 12 anos.

Na Nigéria, apesar das promessas de reforma feitas pelo presidente recentemente eleito — Muhammadu Buhari — terem ganho algum tempo, o período de tolerância não durará indefinidamente, diz a RBC. O naira teve uma desvalorização de 7,8 por cento em relação ao dólar neste ano, empurrando a inflação além do teto da meta do banco central, de 9 por cento, e a recuperação das reservas de caixa da Nigéria, antes esgotadas, se estabilizou.

Reunião de emergência

Os riscos de um novo caos político na Líbia estão entre os mais altos da organização, igualados apenas pelo Iraque, segundo a RBC. Também foram identificadas ameaças na Argélia, que enfrenta “uma iminente transição na liderança”, levando o país a sugerir, na semana passada, uma reunião de emergência da Opep. As economias de ambos os países do Norte da África que compõem o grupo incorreram em déficits em conta-corrente no ano passado após mais de uma década de superávits.

Principal arquiteta da nova política da Opep, a Arábia Saudita tem recursos financeiros para absorver as dificuldades envolvidas no curto prazo. Entre elas estão um déficit fiscal para 2015 que o Fundo Monetário Internacional estima em 20 por cento do produto interno bruto e a redução de US$ 80 bilhões nas reservas estrangeiras. Louney comenta sobre o produtor mais importante do Oriente Médio:

“Eles realmente ainda possuem reservas internacionais, eles ainda têm fundos soberanos de riqueza, eles realmente têm essa proteção por um tempo. Mas a pergunta é: se atingirmos o ponto em que a recuperação para US$ 70 deve acontecer, e ela não acontece? É aí que tudo isso será reavaliado”.

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