Cinco lições do primeiro dia das regras MiFID II na Europa

Por Sofia Horta e Costa e John Glover.

A Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia, conhecida pela sigla MiFID II, entrou em vigor. Contrariando quem acreditava que sua introdução seria um “Big Bang” causador de rupturas, o primeiro dia de vigência do regulamento não teve grandes novidades. Os investidores aguardam o impacto nos mercados. E nós aprendemos cinco lições:

1. Pequenos problemas ocorreram

Até agora, tudo correu bem, de acordo com Steven Maijoor, presidente da Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA). Tudo bem apesar de alguns problemas, principalmente com os códigos especiais que todos precisam para negociar com uma contraparte sediada na UE, chamados de identificadores de entidade legal ou LEIs. Algumas firmas ainda não adquiram os seus e conseguiram carência de seis meses da UE — o que talvez cause mais dor de cabeça, dado que alguns sistemas já foram programados para bloquear negociações sem LEIs.

2. O volume foi baixo

As questões de liquidez podem ser temporárias, enquanto as pessoas lidam com dificuldades em termos de descoberta de preços e reporte de transações. O volume negociado foi baixo para ações e outras classes de ativos na quarta-feira. Algumas corretoras não conseguiram definir preços de contratos de swap de taxas de juros. O volume de negociação das principais ações europeias foi 13 por cento menor do que nos últimos 30 dias (período já marcado pela atividade mais lenta desde o estouro da bolha das ações ponto-com). A temporada de festas de fim de ano também pode ter influenciado, mas isso não ocorreu nos EUA, onde o pregão foi bem agitado.

3. Vem mais pela frente

Restrições às chamadas dark pools – mercados privados usados para esconder grandes ordens de ações para evitar apostas contrárias — só entrarão em vigor na semana que vem, quando muitos voltam das férias.
Não se sabe se as operações feitas atualmente em dark pools migrarão para bolsas de valores ou para outras plataformas, mas o grande tema a este respeito é o internalizador sistemático.

Grandes bancos e corretoras já anunciaram planos de se tornarem internalizadores sistemáticos — plataformas de negociação alternativas que não precisam cumprir os limites de MiFID para dark pools.

4. Disputa pelo menor preço

Os fornecedores de pesquisas continuam reduzindo o valor cobrado dos investidores que leem suas publicações ou falam com seus analistas, em uma cartada para preservar participação de mercado. Muitos clientes assinaram previamente acordos que garantem acesso, mas cláusulas de flexibilidade permitem mudanças, segundo a Union Investment. Em termos de execução, quem temia que os preços desabassem hoje respira aliviado: alguns fundos de hedge gostam da ideia de pagar mais aos bancos e ter em troca atendimento VIP.

5. Os derivativos podem esperar

Autoridades reguladoras do Reino Unido concederam prazo de tolerância de 30 meses à Intercontinental Exchange e à Bolsa de Metais de Londres para cumprimento de uma regra importante que permite a realização de uma transação em uma plataforma e a garantia em uma câmara de compensação separada. A decisão foi similar à que tomou o órgão de supervisão financeira da Alemanha, BaFin, concedendo uma exceção para a divisão de compensação Eurex, da Deutsche Boerse. Sendo assim, a regra que visa alimentar a concorrência pode não funcionar tão bem.

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