Por Christopher Sell e Grant Smith.
Arábia Saudita e Rússia continuarão no controle da produção petrolífera ou sucumbirão a outra disparada na produção de petróleo de xisto nos EUA? É possível que um colapso econômico em um grande país produtor provoque a disparada do preço do barril? Ou o Vale do Silício vai antecipar o ocaso do motor de combustão?
O barril terminou 2017 na maior cotação em dois anos e pode ficar mais barato ou mais caro neste ano. Os cinco indivíduos listados abaixo podem definir essa direção.
O rei da Opep
O ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, tem 12 meses cruciais pela frente. Ele surpreendeu os céticos em 2016 ao reverter a estratégia do reino e conseguir o primeiro corte de produção em oito anos pelos integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O ex-presidente da Aramco encerrou 2017 com chave de ouro ao assegurar um acordo para estender os cortes de produção até o final de 2018.
Agora, ele só precisa que os outros cumpram o prometido, que a Rússia mantenha seu interesse no combinado e torcer para que o preço do petróleo esteja alto o bastante para garantir o sucesso da abertura de capital da Aramco, mas não a ponto de estimular outro movimento de ascensão da indústria do petróleo de xisto nos EUA. Simples.
O braço de Putin no setor petrolífero
Os observadores da Opep antigamente eram fixados em todas as palavras da Arábia Saudita. Hoje, a obsessão é com um país que nem faz parte do cartel. A decisão da Rússia, no ano passado, de aderir ao corte de produção após anos de distância, foi crítica para o sucesso da estratégia.
Consequentemente, quem negocia petróleo acompanha cada passo do ministro de Energia, Alexander Novak, da mesma forma que acompanha os passos de sua contraparte saudita. Novak, 46 anos, claramente construiu um relacionamento pessoal com Al-Falih, o que ajudou os dois países a colocarem de lado anos de desconfiança mútua e a selarem um acordo histórico de cooperação.
O pioneiro do xisto
A maior dúvida de 2018 se refere ao crescimento produção de xisto nos EUA. As estimativas variam de 700.000 a mais de 1 milhão de barris diários. O centro da indústria de xisto é a Bacia de Permian, no Texas. A Pioneer Natural Resources controla uma das maiores áreas por lá.
O presidente da empresa, Tim Dove, entende que a região será o “sangue vital” da produção dos EUA por muitos anos. Ele projeta que a produção diária vai subir dos atuais 2,85 milhões de barris para 3,3 milhões.
O latino poderoso
Sanções impostas pelos EUA, pagamentos atrasados e queda da produção petrolífera. É assim que o presidente venezuelano Nicolás Maduro começa o ano. Prometendo uma “nova revolução do petróleo”, o líder, cada vez mais autoritário, escolheu um general para comandar o setor petrolífero do país e se empenha em demitir gente de peso da estatal PDVSA, incluindo dois ex-ministros.
A crise econômica piorou com a diminuição da produção petrolífera, de mais de 3 milhões de barris diários em 2001 para 1,86 milhão em novembro último. Para 2018, a consultoria Rystad Energy estima recuo de até 30 por cento em alguns campos. A redução deixaria a produção da Venezuela muito abaixo da meta da Opep, o que significa que o mercado pode ter mais escassez do que o cartel planeja.
O astro tecnológico
Foguetes reutilizáveis e o sonho de levar seres humanos a Marte tornaram Elon Musk um ídolo para fãs de tecnologia. Agora, este pode ser o ano dele no mercado de petróleo. Até abril, o empreendedor nascido na África do Sul espera estar produzindo 5.000 unidades por semana do novo carro elétrico da Tesla, chamado Model 3. Seria um grande passo para os veículos elétricos, trazendo uma tecnologia de luxo para as massas.
Se Musk conseguir isso, certamente aumentarão as especulações de que os carros elétricos substituirão o motor de combustão antes do esperado.
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