Citi: Cinco tendências que fazem pensar em recessão global

Por Luke Kawa.

O banco que alertou sobre uma recessão global ‘made in China’ como um dos principais riscos de 2016 está um pouco mais otimista sobre o estado da economia mundial.

Economistas do Citigroup, liderados por Ebrahim Rahbari, notam que medidas de estímulo adotadas pelas autoridades chinesas começam a dar frutos e que o cenário externo tem mostrado sinais de melhora. Embora o crescimento global continue fraco, dados recentes sugerem que, “pelo menos por enquanto, pode não estar mais se enfraquecendo”, diminuindo o risco de que a expansão do PIB mundial recue para menos de 2 por cento (considerando as taxas de câmbio praticadas no mercado) em 2016, escreveram os economistas.

Mas o perigo ainda existe. Para a equipe do Citi, são vários os fatores que poderiam inviabilizar a frágil expansão da economia global.

Os profissionais liderados por Rahbari destacaram cinco razões pelas quais sentem “só um conforto modesto” com a recente recuperação dos preços das commodities, a aceleração da atividade na China e o crescimento estável em outras economias emergentes.

China desvia de promessa de reequilibrar crescimento

O retorno recente da China a um modelo de crescimento baseado em crédito e investimento “parece suscetível a agravar excessos de crédito e de investimento existentes e aumentar os riscos de uma eventual bolha financeira e de crédito ou um período duradouro de baixo crescimento”, de acordo com o relatório do Citi.

De fato, nos últimos anos mais empréstimos têm sido necessários para a economia da China se expandir em ritmo semelhante, aumentando os receios de que o crédito está sendo mal alocado. A estabilização da atividade na segunda maior economia do mundo ocorreu em um ambiente em que as condições financeiras estão substancialmente mais fáceis e as torneiras de crédito permanecem abertas.

Embora as estimativas para a atividade mensal costumem acompanhar as condições monetárias, o Citi diz que vale a pena questionar a durabilidade desse modelo de crescimento.

Mercados emergentes ainda não resolveram seus problemas

Os preços dos ativos de mercados emergentes foram estimulados por dois fatores e “os dois podem ser temporários”, escreveu a equipe de Rahbari. Enquanto o dólar está mais fraco e as expectativas de um ciclo agressivo de aperto pelo Federal Reserve diminuíram, “questões estruturais persistem em vários países emergentes”.

O rendimento dos contratos futuros de eurodólar com vencimento em dezembro de 2017 caiu no início deste ano, quando o massacre no mercado levou a apostas de que o Federal Reserve iria aumentar as taxas de juros em ritmo mais gradual do que o previsto anteriormente.

Risco político onipresente

“Diversos riscos políticos continuam ameaçando, incluindo o risco de Brexit depois do plebiscito no Reino Unido sobre a União Europeia em 23 de junho”, de acordo com o relatório do Citi.

O resultado do plebiscito e o desempenho econômico do Reino Unido depois dele têm potencial para mudar radicalmente a data de início de qualquer fase de aperto monetário pelo Banco de Inglaterra. E se os eleitores no Reino Unido decidirem deixar a União Europeia, isso também causaria dores de cabeça consideráveis entre os bancos continentais.

Motor econômico do mundo está falhando

O crescimento trimestral anualizado da economia dos EUA nos primeiros três meses do ano foi de apenas 0,5 por cento. As preocupações sobre ajustes sazonais distorcidos persistem, mas o dado ressaltou a noção de que, mesmo sete anos depois da crise financeira, a expansão dos EUA ainda está longe de ganhar fôlego.

Os economistas estão aos poucos se convencendo disso. Nos últimos oito meses, suas expectativas de crescimento para a economia dos EUA neste ano foram reduzidas de um pico de 2,8 por cento para 2 por cento no momento.

Os responsáveis pela política econômica não têm munição ou vontade de usá-la.

As taxas básicas de juros estão baixas e a dívida pública é alta

Com a eficácia do afrouxamento monetário diminuindo e algumas taxas básicas de juros próximas ao limite inferior do que funciona, qualquer acomodação adicional poderá depender da cooperação entre legisladores nas economias avançadas, muitas das quais já enfrentam elevada razão dívida/PIB.

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