Com ajuda do Fed, BC deve seguir reduzindo ações no câmbio

Notícia exclusiva por Josué Leonel com a colaboração de Dominic Carey.

A diminuição do volume de contratos ofertados no leilão de swap cambial nesta quinta-feira reforça o que parece ser uma tendência na ação recente do Banco Central: diminuir lentamente as intervenções no mercado.

O volume menor nos leilões, se mantido até o final do mês, significaria uma renovação de apenas 70% dos contratos vencendo em 1º de julho. Isso diminuiria em US$ 2,6 bilhões a posição vendida do BC. O número, porém, teria um impacto pequeno no estoque total dessas posições, ainda na casa de US$ 110,8 bilhões.

Essa diminuição lenta do estoque de swaps tem contrapartida na reação tranquila do dólar. Ao contrário de outros momentos, quando qualquer tentativa do BC de mexer no volume dos leilões provocava alta expressiva da moeda americana, nesta quinta-feira o dólar caiu mesmo após o BC anunciar que o leilão seria menor. O mesmo ocorreu na redução anterior, feita em 11 de junho.

Além da cautela do BC, a reação tranquila do mercado de câmbio é explicada pela decisão de ontem do Fed de sinalizar que a futura alta dos juros americanos será gradual. Investidores também mostraram alívio com o veto da presidente Dilma Rousseff à flexibilização do fator previdenciário.

“O BC está aproveitando o bom momento para as moedas no mundo para diminuir a intervenção no mercado”, diz Nathan Blanche, consultor e sócio da Tendências Consultoria. Os juros baixos no exterior estimulam o investidor estrangeiro a aplicar em renda fixa no Brasil. Este ganho, nas operações conhecidas como carry trade, pode se ampliar ainda mais, dado que o mercado projeta alta da Selic p/ pelo menos 14,50% até setembro.

Se o dólar continuar em queda, o BC deverá reduzir ainda mais os leilões de swap para rolagem. Para Nathan, o BC errou ao manter por tanto tempo o programa de swaps, iniciado em agosto de 2013. Contudo, é pouco provável que o BC desmonte rapidamente sua posição em swaps. “Sem os swaps, ninguém sabe até onde o dólar subiria, poderia ser R$ 3,50, R$ 4,00 ou até R$ 5,00”.

A incerteza sobre o ritmo das intervenções do BC, segundo Nathan, explica o fato de o real ter se mantido nos últimos meses entre as moedas de maior volatilidade no mundo. Além da volatilidade, Nathan considera que o principal efeito negativo das atuações do BC é a dificuldade em se definir o preço de equilíbrio do dólar, compatível com o desempenho das contas externas do País.

“Intervir no câmbio não é necessariamente um erro. O problema foi fazer uso permanente de um instrumento que só deve ser usado emergencialmente”.

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