Com nome envolvido em controvérsia, Trump aposta na marca Scion

Por Hui-yong Yu e James Nash.

Ao longo de sua campanha presidencial, Donald Trump promoveu empresas que levam seu nome, realizando eventos em hotéis e campos de golfe com a marca Trump em lugares como Escócia e Flórida. Agora que a campanha se aproxima do fim com uma enxurrada de controvérsias, sua companhia está lançando uma nova marca que não levará seu nome.

A Scion, uma linha de hotéis voltada para clientes mais jovens, foi divulgada no mês passado em um comunicado de imprensa com declarações de três executivos diferentes da Trump Organization, mas não do candidato.

Desde que entrou na disputa eleitoral, no ano passado, Trump ofendeu grupos como mexicanos, muçulmanos, pessoas com deficiência e veteranos de guerra. Um vídeo de 2005, que o mostrou gabando-se de avanços indecentes a mulheres, levou quase uma dúzia delas a acusá-lo de assédio — acusações que ele nega veementemente. Essas associações deixarão os clientes corporativos menos propensos a efetuar reservas em propriedades com a marca Trump, disse Bruce Himelstein, ex-diretor de marketing dos hotéis Loews e Ritz-Carlton.

“Atualmente ele é uma figura que polariza. Quando estava construindo seus hotéis, não”, disse Himelstein, hoje consultor. “Definitivamente há um impacto.”

A campanha de Trump já está cambaleando. Um candidato que há apenas três semanas estava em disputa acirrada agora briga para reduzir uma diferença que subiu para 5,9 pontos percentuais nacionalmente, segundo a média de pesquisas RealClearPolitics.

É aí que entra a Scion. A nova marca foi planejada para uso em estabelecimentos urbanos e em resorts, informou a Trump Hotels no anúncio da Scion, em 28 de setembro. Os novos hotéis buscam atrair “um tipo de hóspede novo e diferente em mais lugares ao redor do globo”, informou a Trump Hotels. A inauguração da primeira unidade com a marca Scion está programada para 2017.

Não é substituto

A bandeira Scion não substituirá a marca Trump, segundo a Trump Hotels. Ela foi anunciada mais de uma semana antes de o Washington Post publicar um vídeo de 2005 de Trump gabando-se por agarrar e beijar mulheres.

“Nós escolhemos esse nome como uma referência à família Trump e a seu enorme sucesso empresarial, incluindo a Trump Hotels”, disse Eric Danziger, CEO da Trump Hotels, por e-mail. “Queremos reconhecer a associação com Trump de forma genuína e, ao mesmo tempo, possibilitar que a nova marca de estilo de vida se sustente por conta própria.”

Evidências dispersas sugerem que os hóspedes estão optando por outros hotéis. É difícil medir o impacto sobre a Trump Hotels dos comentários mais incendiários do candidato ou das acusações de propostas indesejadas de caráter sexual. A Trump Organization não revela as taxas de ocupação.

As reservas nos hotéis Trump realizadas por meio da empresa especializada em viagens de luxo Ovation Vacations caíram 29 por cento nos últimos seis meses, disse Jack Ezon, presidente da firma. Embora as reservas corporativas na Trump Hotels por meio da Altour International tenham caído 10 por cento neste ano até 15 de outubro, as reservas por lazer subiram tanto que proporcionaram uma alta geral de 16 por cento, disse Martin Rapp, vice-presidente sênior da agência de viagens corporativas e de turismo, que tem um grande número de clientes no setor de entretenimento. Afinal, mais de 13 milhões de americanos votaram em Trump nas eleições primárias.

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