Com pior ar do mundo, mongóis veem tudo vermelho e planejam ação

Por Michael Kohn.

Se você pensa que o ar da China anda poluído, veja o que está ocorrendo na Mongólia.

Os níveis de material particulado no ar subiram para quase 80 vezes o nível de segurança recomendável estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) — nível cinco vezes pior que o de Pequim durante a semana passada, quando foi registrado o pior smog do ano na China.

As usinas de energia mongóis, que estão fazendo hora extra durante este inverno frio, lançam fuligem na atmosfera, enquanto a fumaça acre das fogueiras a carvão encobre as favelas da capital,
Ulaanbaatar, com uma névoa marrom. Os moradores, irritados, planejaram um protesto, organizado pelas redes sociais, para 26 de dezembro.

O nível de PM2.5, ou material particulado fino, presente no ar, segundo medição por hora, atingiu o pico de 1.985 microgramas por metro cúbico em 16 de dezembro no distrito de Bayankhoshuu, na capital, segundo dados postados pelo governo no websiteagaar.mn. A média diária ficou em 1.071 microgramas naquele dia.

A OMS recomenda que a exposição ao PM2.5 seja inferior a 25 microgramas ao longo de 24 horas.

Em Pequim, o pior período de poluição atmosférica do ano levou as autoridades a emitirem o primeiro alerta vermelho de 2016 e a ordenar o fechamento ou a redução da produção de 1.200 fábricas. No início da semana, os níveis de PM2.5 superaram 400 na capital e na terça-feira as autoridades chinesas cancelaram 351 decolagens de aviões devido à visibilidade limitada. A média diária mais elevada da semana passada, registrada na quarta-feira, foi de 378. Pior, a leitura de PM2.5 em Shijiazhuang, capital de Hebei, superou 1.000 microgramas por metro cúbico no início da semana, segundo o Centro Nacional de Monitoramento Ambiental da China.

A contração do crescimento econômico da Mongólia e o déficit orçamentário maior deixaram as autoridades com poucos recursos para combater o smog perigoso.

Tarifa eliminada

Após primeiro cortar a tarifa de eletricidade noturna em 50 por cento para incentivar os moradores a aquecerem suas casas com aquecedores elétricos em vez de aquecedores a carvão ou outros materiais inflamáveis, que muitas vezes são tóxicos, o primeiro-ministro Erdenebat Jargaltulga anunciou na sexta-feira que a tarifa será totalmente eliminada a partir de 1o de janeiro. A longo prazo, ele propôs a construção de apartamentos para substituir casas improvisadas usando um empréstimo da China, mais medidas para encorajar o aquecimento elétrico e a redução da pobreza para diminuir o ritmo de migração para a capital, segundo comunicado do governo.

Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Bat-Erdene Badmaanyambuu, anunciou que uma ala de 50 leitos do hospital militar de Ulaanbaatar será aberta a crianças com pneumonia porque os hospitais da cidade estavam no limite da capacidade, segundo comunicado postado no website do governo.

A irritação pública em relação à condução do problema da poluição pelo governo vem crescendo nas redes sociais, onde os moradores compartilham imagens do smog, encorajam métodos de proteção e exigem mais esforços do governo para proteger a população. A última tendência na sexta-feira entre os mongóis era mudar suas fotos de perfil do Facebook para mostrá-los usando máscaras devido à poluição do ar.

O protesto contra a poluição atmosférica da semana que vem estava sendo organizado para a praça central da cidade, chamada Sukhbaatar. Uma campanha de crowdfunding para aquisição de 100 purificadores de ar para hospitais e escolas captou quase US$ 1.400 em quatro dias.

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