Como dois identificadores exclusivos podem revelar o valor dos dados ESG mais rápido

Desafios da integração de dados ESG

À medida que os investidores pensam em como integrar os fatores ESG (Environmental, Social and Governance) em seus processos e estratégias de investimento, a consideração mais importante é a rapidez com que podem obter insights significativos dos dados ESG para identificar oportunidades e mitigar riscos.

Isto exige que os investidores tenham acesso a dados ESG que possam se integrar perfeitamente aos fluxos de trabalho atuais e aos dados fundamentais existentes, como security master, precificação, referência, atos corporativos, entre outros. Como os dados ESG podem assumir várias formas e formatos, é possível levar um tempo significativo para decifrar os dados, descobrir o que é relevante para análise e combiná-los com estruturas existentes para uma análise holística. Uma base de dados flexível, porém forte, é fundamental.

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Os órgãos do setor estão cientes deste desafio e lançaram padrões de relatórios ESG para simplificar e codificar tais informes. Por exemplo, em novembro de 2021, a Fundação IFRS lançou o International Sustainability Standards Board (Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade, ou ISSB, na sigla em inglês) para trazer consistência e comparabilidade aos padrões de relatórios ESG. Para harmonizar ainda mais o sistema de relatórios de sustentabilidade, a IFRS trabalhará com a Global Reporting Initiative (GRI) para coordenar seus programas de trabalho e atividades de definição de padrões. Enquanto isso, a Comissão Europeia adotou uma proposta para alterar e substituir a atual diretriz de relatórios não financeiros (NFRD, na sigla em inglês) pelo modelo iXBRL em relatórios de dados ESG estruturados, possibilitando a legibilidade por máquina.

Além destes esforços para padronizar dados ESG, os identificadores que não se alteram ao longo do tempo e permitem uma interoperabilidade são as ferramentas fundamentais para conectar dados ESG com infraestruturas de dados existentes, para que as empresas possam obter informações valiosas mais rapidamente.

Integração ESG – etapa 1: identificação da entidade

Para analisar o desempenho de uma empresa em relação aos fatores ESG, os investidores primeiro precisam identificar inequivocamente a entidade em questão para entender itens, como riscos ocultos relacionados ao clima ou emissões de gases de efeito estufa de Escopo 3. Quando entidades jurídicas – como fundos de investimento, entidades governamentais, eventos corporativos – são definidas e rastreadas usando identificadores diferentes, pode ser extremamente desafiador para investidores ou reguladores analisar o desempenho ESG de uma determinada entidade ao longo do tempo, pois todos esses rastreadores diferentes precisam ser reconciliados e vinculados à entidade subjacente.

Para resolver a questão, mais de 200 regulamentações exigem ou recomendam o uso de um Identificador de Entidade Jurídica (LEI); e em julho de 2022, mais de 2 milhões de LEIs foram emitidos globalmente. A razão pela qual esta ferramenta é tão altamente recomendada é que identifica de forma clara e única uma determinada entidade jurídica ao longo de sua vida útil. Isto, por sua vez, permite que os usuários vinculem dados ESG a emissores e instrumentos correspondentes com maior confiança em jurisdições e estruturas corporativas. Esta identificação é especialmente crítica considerando que as regras e regulamentações em constante evolução exigem que os gestores de ativos publiquem relatórios no nível de entidade sobre como as questões relacionadas ao clima são contabilizadas ao gerenciar ou administrar investimentos em nome de clientes.

Por exemplo, na Europa, a Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR) exige que todos os gestores de ativos europeus forneçam uma divulgação padronizada sobre como os fatores ESG são integrados no nível da entidade e no nível do produto. Enquanto isso, reguladores no Reino Unido, União Europeia, Brasil, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Cingapura e Suíça começaram a utilizar as recomendações da Força-Tarefa de Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês) como base para divulgações obrigatórias. Assim, as empresas são obrigadas a publicar um relatório anual do TCFD sobre como os riscos e oportunidades relacionados ao clima são abordados. Um identificador de entidade aceito globalmente, como o LEI, permite que investidores e reguladores identifiquem entidades jurídicas de maneira consistente e garantam que possam acessar dados ESG comparáveis e confiáveis ao longo do tempo.

Integração ESG – etapa dois: incorporação do FIGI

A identificação precisa de instrumentos financeiros é crucial em muitas áreas, no entanto, gerenciar o volume cada vez maior de diversos dados de sustentabilidade adiciona mais urgência à necessidade das empresas financeiras de obter alta qualidade de dados em suas operações.

Como as empresas consomem várias fontes de dados ESG e precisam analisar instrumentos específicos, que podem ser extraídos de diferentes bancos de dados, a manutenção de um security master pode se tornar cara — especialmente se as empresas utilizarem identificadores com custos de licenciamento. Para agravar este desafio, o mesmo instrumento pode ser emitido sob diferentes identificadores em diferentes jurisdições com diferentes classificações, além de poder mudar ao longo do tempo, dificultando a agregação e o acompanhamento histórico.

Para simplificar este trabalho de reconciliação de dados, um sistema de identificação exclusivo como o FIGI (Identificador Global de Instrumentos Financeiros) pode ajudar, pois permite a interoperabilidade com identificadores antigos existentes, enquanto fornece um modelo de dados integrado para relações entre instrumentos nos diferentes contextos onde os identificadores antigos podem existir. O FIGI é um identificador exclusivo e disponível publicamente atribuído a instrumentos financeiros em todas as classes de ativos. O FIGI foi originalmente desenvolvido pela Bloomberg para ajudar a resolver desafios de licenciamento e deficiências na governança de dados, mas sua abordagem de metadados permite a extensibilidade do modelo central, o que ajuda o setor mais amplo a resolver uma variedade de problemas diferentes, como aqueles destacados pelas necessidades do mercado ESG.

A chave para LEI e FIGI é que ambos são padrões de dados abertos que os usuários podem compartilhar livremente, o que permite a comunicação e a transparência sem barreiras artificiais de licenciamento ou restrições de propriedade intelectual.

O futuro da identificação de ativos ESG

Sem interoperabilidade de dados, tempo, dinheiro e recursos desnecessários são desperdiçados na tentativa de racionalizar os dados ESG antes de serem acionáveis e utilizáveis. O atrito existe devido a diferentes modelos sendo criados em cima de padrões de identificação incorporados antigos, necessariamente separados por jurisdições, tipos de ativos e necessidades funcionais ao longo do processo de negociação e liquidação. Ajudar a remover este atrito é o desafio que Diretores de Dados e suas organizações de dados precisam resolver. A utilização de padrões mais recentes baseados em metodologias modernas e políticas de dados abertos permite que os profissionais de dados deixem os exercícios de mapeamento do passado e se beneficiem dos processos de modelagem de dados atuais, fornecendo assim uma base para uma melhor racionalização da crescente montanha de dados ESG.

Artigo escrito por Richard Robinson, estrategista chefe de dados abertos e padrão; Frances Liu, estrategista APAC FIGI e LEI; e Brad Foster, head de conteúdo de dados enterprise da Bloomberg, e extraído da CDO Magazine.

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