Como está a revolução digital dos bancos na América Latina

A chegada ao mercado das financial technologies (fintechs), tirou os bancos tradicionais da zona de conforto e está ajudando a impulsionar a transformação digital do setor financeiro. Para entender como esse movimento está ocorrendo na América Latina e quais os impactos nas operações do sell side, a Bloomberg promoveu o webinar “Latam Banking Digital Revolution Panel” com analistas da Bloomberg Intelligence.

Além de apresentar insights sobre a transformação digital do setor financeiro na América Latina, os especialistas analisaram a competição dos bancos tradicionais com as fintechs e o cenário do sell side diante das mudanças do mercado. Eles também destacaram oportunidades para o setor com a adesão de novas plataformas digitais como blockchain, open banking, machine learning e uso de dados com inteligência para otimização das operações e atendimento personalizado aos clientes.

Abaixo separamos os principais insights da conversa.

Como acelerar a transformação digital do front office 
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Novos desafios do mercado financeiro

Na abertura do painel, foi destacado o desafio de os bancos fazerem transações em tempo real com escalabilidade, eficiência e entrega de serviços sob medida aos clientes, garantindo a preservação da identidade deles na era digital.

A nova busca do mercado para ser transparente e aberto com adequação ao modelo de open banking foi apontada como uma tendência que vem para mudar a forma como o setor opera e dar mais autonomia aos clientes.

Aliado a tudo isso, os negócios estão mais regulados e a crise global provocada pela pandemia do coronavírus também desacelerou a economia. Uma das consequências disso é um cenário de deflação com taxas de juros chegando a zero, trazendo impactos nos custos das operações de trading e de toda a indústria financeira.

Na visão dos painelistas, as tecnologias disruptivas podem ser aliadas do setor financeiro para enfrentar os desafios dos novos tempos.

Transformação digital na América Latina

Ao analisar as operações dos bancos na América Latina, Nathan Dean, Senior Policy Analyst da Bloomberg Intelligence, constatou que a região está avançando na transformação digital. De acordo com ele, a digitalização permite criar serviços com inovação para os clientes, utilizar dados com inteligência para ter mais visibilidade e abre oportunidade para instituições financeiras gerarem mais rentabilidade. Além de reduzir custos, as novas tecnologias possibilitam atender também a camada da população desbancarizada com produtos sob medida.

A argumentação de Dean foi apoiada em um estudo recente da consultoria Ernst Young que apontou que bancos da América Latina têm potencial para gerar negócios da ordem de US$ 49 bilhões com serviços digitais. Desse total, em torno de US$ 11 bilhões com ofertas para o consumidor final e o restante do montante com produtos para pequenas e médias empresas.

O mesmo relatório indicou que, em países como Brasil, México e Colômbia, 55% dos clientes estão fazendo transações digitais e muito raramente vão ao banco físico.

Dean percebe que alguns bancos da região estão adiantados nas estratégias digitais. Entre os exemplos, citou a atuação do Santander e seu esforço para conquistar novos clientes na América Latina. No Brasil, o especialista da Bloomberg mencionou o Bradesco e Itaú Unibanco, players que estão investindo muito em novas tecnologias e em centros de inovação.

O Itaú, por exemplo, tem o Cubo, hub criado em 2015 na cidade de São Paulo para reunir startups e fomentar inovações.

Quando olhou para o Brasil, Dean destacou a força do Bradesco, com capacidade para realizar 90% de suas transações via aplicativo. Ele analisou também o avanço rápido do Next, o banco digital do grupo criado em 2017, que alcançou 3,5 milhões de clientes no começo de 2020.

O executivo considera que os bancos brasileiros e de outros países da América Latina estão acelerando a transformação digital, mas que ainda há algumas lacunas a serem preenchidas, como integrações de sistemas e novos serviços para antecipar as necessidades dos clientes, que hoje querem fazer todas suas transações online.

Ouça as análises de Dean sobre a transformação digital na América Latina (Disponível em inglês)

Desafios para revitalizar sistemas legados

Promover a transformação digital nos bancos tradicionais não é um projeto simples, avaliou Larry Tabb, Head of Market Structure Research da Bloomberg Intelligence. Ele lembrou que muitas instituições financeiras ainda operam com sistemas legados, como é o caso dos mainframes.

Essa infraestrutura antiga traz novos desafios para a implementação de novas tecnologias como os algoritmos e para colocar em prática a filosofia agile para desenvolvimento das aplicações de negócios com mais velocidade. Tabb disse que o ambiente legado não é flexível, o que exige mais esforço dos bancos tradicionais para integrar sistemas modernos, garantir a segurança, integridade dos dados e avançar na era digital.

Tabb aponta as soluções de algoritmos que estão cada vez mais presentes nas transações eletrônicas e que podem ser fortes aliados para apoiar as operações de trading.

Confira as explicações de Tabb sobre a renovação dos sistemas legados para a era digital (Disponível em inglês)

Competição com a fintechs e novos modelos de negócios

As fintechs são mais agressivas na hora de conquistar os clientes, com isenção de taxas e entrega de alguns serviços grátis. Porém, essas empresas sabem como monetizar seus serviços.

Julie Chariell, Senior Analyst da Bloomberg Intelligence, destacou que as fintechs, por serem menores, conseguem fazer o onboard rapidamente. Assim, os clientes podem aderir aos serviços pelos apps com mais velocidade e têm o comportamento monitorado.

Na avaliação da analista, as fintechs atraem principalmente a nova geração que tem domínio das tecnologias digitais e que movimenta dinheiro pelo celular. Com estratégias como essas, as novas instituições financeiras estão conquistando clientes e começam a crescer no mercado.

Ouça a avaliação de Chariell sobre o modelo de negócio das fintechs (Disponível em inglês)

Tendências sobre open banking

O painel sobre a revolução digital dos bancos na América Latina abriu espaço também para analisar impactos regulatórios com a chegada do open banking, uma tendência mundial. Trata-se de um conceito que permite que todo o setor financeiro adote uma plataforma padronizada para construção de um ecossistema de produtos e serviços com outras instituições e diversas empresas.

Com as plataformas de open banking, os clientes passam a ter mais autonomia sobre seus dados e poderão decidir se compartilham ou não suas informações com outros bancos.

Embora a regulamentação sobre esse modelo ainda não esteja muito clara, os painelistas consideraram que o open banking é uma oportunidade para o setor financeiro explorar novos negócios, principalmente para as fintechs.

Existe a preocupação com os dados dos clientes e a definição de como o ecossistema do open banking vai funcionar. Mas os especialistas da Bloomberg afirmam que o modelo abre possibilidades para novos negócios e lucratividade para todos envolvidos na cadeia.

A Bloomberg está em sintonia com todas as tendências para contribuir com a transformação dos bancos e acelerar a jornada do sell side em direção à era digital. Para saber mais como podemos ajudar a otimizar suas operações, clique aqui

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