Complacência de traders fica exposta por volatilidade relativa de moedas de mercados emergentes

Por Anooja Debnath.

As moedas de mercados emergentes se transformaram em um mar de calma relativa em meio à crise da dívida da Grécia e ao desmoronamento dos preços das ações da China, marcando um nível de complacência que segundo os estrategistas está destinado a ter um final ruim.

Índices do JPMorgan Chase Co. mostram que na semana passada, a volatilidade nas taxas de câmbio das economias em desenvolvimento teve a maior queda para abaixo das oscilações nos preços do grupo de moedas do G7 desde 2013. Normalmente é o contrário em épocas de turbulência.

É possível que os investidores estejam subestimando a única coisa capaz de derrubar ativos mais arriscados: a vontade do Federal Reserve (Fed) de subir as taxas de juros pelo menos uma vez antes do fim do ano. Janet Yellen, presidente do banco central dos EUA, disse na sexta-feira que embora eventos como a Grécia acrescentem incerteza à perspectiva econômica, ela ainda antecipava que fosse “apropriado” aumentar a taxa para fundos federais até o fim do ano.

“Qual a coisa mais importante que realmente pode prejudicar os mercados emergentes?”, disse Geoffrey Yu, estrategista cambial sênior do UBS Group AG em Londres. “É a alta das taxas reais nos EUA”.

O índice de volatilidade do JPMorgan para os mercados emergentes – grupo entre cujos membros há vários países, do Brasil e à Polônia até a Malásia – subiu para 9,4 por cento em 8 de julho. O valor esteve 1,4 ponto porcentual abaixo do patamar de 10,8 por cento para as moedas do G7.

Recuperação da China

Nesta segunda-feira, aquela diferença tinha se estreitado para 0,8 ponto porcentual depois dos comentários feitos por Yellen, uma recuperação nas ações chinesas e a notícia de que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tinha fechado um acordo para o resgate de seu país.

Apesar de a China ser designada como mercado emergente, a depressão que apagou US$ 3,9 trilhões dos seus mercados acionários em menos de um mês e uma depressão na atividade econômica para seu menor nível em seis anos alimentaram a especulação de que sua demanda por matérias-primas diminuiria. Isto afetou as moedas de exportadores de commodities como a Austrália, a Nova Zelândia e o Canadá.

Improvável

A história sugere que é improvável que a volatilidade se mantenha baixa quando os EUA anunciarem que começarão a ajustar a política econômica. Quando o Fed disse que estava considerando reduzir seu programa recorde de compra de bonds em 2013, a rúpia indiana e a lira turca despencaram para valores mínimos históricos, ao passo que as oscilações nas suas taxas de câmbio saltaram para os maiores valores em pelo menos um ano e meio.

Há cada vez mais especulação com que Yellen e seus colegas subam as taxas de juros dos EUA durante 2015, ainda que mais provavelmente em dezembro do que antes.

“A ideia de que o Fed aumente as taxas em setembro está sendo um tanto deixada de lado por enquanto”, disse Derek Halpenny, o diretor de pesquisa sobre mercados europeus do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ Ltd. em Londres. “As moedas de países emergentes talvez recebam certo conforto com isso, mas para ser sincero eu não esperaria que isso se mantivesse”.

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