Compradores precipitados de títulos brasileiros podem ficar desapontados

Por Paula Sambo

Os investidores têm abocanhado títulos vendidos por empresas brasileiras apostando que o impeachment da presidente Dilma Rousseff irá pavimentar o caminho para um renascimento da situação econômica do país. Mas eles podem ter sido apressados. A recessão mais longa em mais de um século provavelmente vai causar mais dor à indústria de operação bancária, construção, açúcar e aço, provocando rebaixamentos e defaults, de acordo com a Fitch Ratings.

“O pior está longe de terminar para empresas brasileiras”, disse Joseph Bormann, diretor-gerente para a América Latina de finanças corporativas da Fitch.

As obrigações de empresas do Brasil retornaram para 14% no ano até 2 de maio, o segundo maior ganho em mercados emergentes. O rali teve lugar até mesmo com os rebaixamentos promovidos pela Fitch, Moody’s e S&P a 130 empresas do país no primeiro trimestre, enquanto os bancos reservam uma quantidade recorde de dinheiro para cobrir empréstimos e produtores de commodities que aproximam do default.
 

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Bormann disse que o produtor de açúcar e etanol USJ Açúcar e Álcool, as siderúrgicas Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais e Cia. Siderúrgica Nacional e a companhia aérea Gol Linhas Aéreas correm o risco de falta de pagamento de obrigações.

As empresas dos setores da construção e cimento, incluindo Odebrecht e Andrade Gutierrez, também estão sob pressão em meio à crise econômica, disse Bormann.

“A situação tornou-se tão insustentável que o mercado corporativo está precificando o impeachment como um catalisador para a melhoria da estabilidade política”, disse Darin Batchman, que ajuda a administrar US$ 39 bilhões no Stone Harbor Investment Partners em Nova York. “No entanto, há certamente espaço para a realidade de que um período pós impeachment decepcione investidores”

Com os custos de empréstimos ainda acima dos níveis que prevaleceram durante a crise financeira global de 2008, as empresas brasileiras cada vez mais se veem incapazes de refinanciar sua dívida.

Isso provavelmente fará com que os defaults subam este ano e no próximo, após um número recorde de falta de pagamentos em 2015, de acordo com Bormann.

“Empresas brasileiras passaram por um período de reajuste à queda dos preços das commodities e um real mais fraco”, disse Batchman.

“Esse ajuste está em curso e continuará a pressionar as empresas alavancadas com exposição direta à economia brasileira.”
 

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