Comunicado do Copom deve calibrar inflação e riscos externos

Por Felipe Saturnino.

Último Copom de 2018 deve manter a Selic estável em 6,5%, para a unanimidade dos 28 economistas sondados em pesquisa Bloomberg, em meio a um cenário de inflação ancorada e atividade econômica moderada. Comunicado do Banco Central deve reavaliar riscos externos e diminuir projeções para inflação, dizem analistas. Postergação do início do ciclo de aperto também está radar do mercado, com percepção de que, somado à inflação mais favorável, um Fed mais dovish permitirá juro estável em 2019.

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As apostas implícitas para a Selic ano que vem na curva de juros ainda indicam um processo de alta, mas o prêmio vem caindo desde o início do mês. Movimento segue deflação dos preços ao consumidor, como o IPCA de sexta, e também dados da economia americana. Na mesma linha, a mediana das projeções para o IPCA 2019 na pesquisa Focus caíram de 4,11% para 4,07%.

Para o Itaú, as projeções de inflação do Copom para 2019 provavelmente recuarão no cenário de mercado e se manterão estáveis no cenário de referência. “Conforme observado nas últimas reuniões, o comitê deve se abster de sinalizações mais diretas a respeito de seus próximos passos, a fim de manter sua flexibilidade em um contexto ainda substancialmente incerto, tanto doméstica quanto internacionalmente”, diz o banco, em relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita.

Há a necessidade ainda de se avançar nas reformas, que “ainda não foram endereçadas”, disse Leonardo Sapienza, economista-chefe da Tesouraria do Banco Votorantim.

De acordo com Gustavo Rangel, economista-chefe para América Latina do ING Financial Markets, de fato a política fiscal é o fator mais determinante para o juro, olhando à frente. A perspectiva inflacionária é “super confortável”, mas o câmbio pode se depreciar muito e as expectativas inflacionárias desancorarem se a proposta para a nova Previdência fracassar no Congresso, disse.

Analistas chamam atenção ainda para o processo de normalização monetária em economias desenvolvidas. Adauto Lima, economista da Western Asset, diz que o BC deve “reavaliar marginalmente” o ambiente externo, e outros riscos entrarão no radar da autoridade monetária. Segundo ele, um Fed mais acomodatício prenuncia um novo problema: um menor crescimento mundial. “É um novo tipo de risco, o de desaceleração”, afirmou.

Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, ainda prevê uma elevação de 200 pontos-base do juro em 2019 por uma aceleração do PIB mais forte que a esperada. Em um cenário sem reforma da Previdência, taxa de câmbio depreciada e inflação contaminada, o aperto pode ser da ordem de 500 bps. No entanto, ela acredita que um aperto pode ficar em stand-by por tempo maior do que a expectativa. “Se havia dúvidas quanto a isso, acho que a alta está sendo cada vez mais postergada.”

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