Por Kelly Gilblom.
Após anos de desânimo, o setor de petróleo deixou o pessimismo para trás.
Três quartos dos profissionais seniores do setor de petróleo e gás consultados pela empresa de serviços marítimos e de energia DNV GL dizem estar otimistas com o crescimento do setor em 2019, perspectiva mais radiante desde antes do colapso do preço do petróleo bruto, em 2014. A confiança no setor de energia está atualmente no nível de 2010, quando o barril do Brent disparou para US$ 95, cerca de 50 por cento acima do nível atual.
O bom ânimo se traduzirá em investimentos maiores, já que 70 por cento dos profissionais afirmam que vão manter ou ampliar os orçamentos de despesas de capital neste ano. Muitas empresas agora afirmam que estão competitivas, mesmo com o aumento da volatilidade do preço do petróleo em reação à turbulência geopolítica, depois de terem cortado custos para sobreviver ao colapso que durou até 2017.
“O crescimento será importante e há uma forte crença em novos investimentos”, disse Liv Hovem, CEO da unidade de petróleo e gás da DNV GL. “Eles estão bastante confiantes de que haverá demanda por petróleo e gás daqui para frente. E também estão confiantes em sua competitividade.”
Riscos dos investimentos
Ainda assim, os dados mostram alguns riscos latentes para o negócio. Na última vez em que o setor mostrou tanta confiança, os investimentos subiram. Deu tudo certo enquanto o petróleo subia, mas em 2014 o declínio do petróleo bruto atingiu as empresas, reduzindo os retornos de muitos projetos.
Durante a queda, os executivos se concentraram em reduzir gastos. Em 2016, 41 por cento dos entrevistados afirmaram que sua maior prioridade era a “eficiência de custo”. Agora, com os preços do barril novamente acima de US$ 60, apenas 21 por cento dizem que esta é sua maior prioridade.
“A questão-chave é: as empresas retomarão os hábitos de consumo ineficientes ou serão capazes de manter a austeridade organizacional?”, perguntou o relatório. “Nossa pesquisa mostra sinais de que os velhos hábitos já podem estar ressurgindo.”
O relaxamento orçamentário pode refletir, em parte, o fato de muitos programas de redução de custos já terem sido implementados. Mas nem tudo continuará barato. Cerca de metade das empresas afirmou que registrou uma inflação dos preços em 2018, sendo o ramo de downstream o mais atingido do setor. No segmento de upstream, apenas um terço das empresas afirmou que os preços subiram.
Outro desafio para o negócio do petróleo e gás é o envelhecimento da força de trabalho, que pode deixar vagos cargos que não serão preenchidos facilmente. Os jovens, em geral, veem pouca atratividade no setor porque o consideram antiquado e poluente, ou são atraídos para outros empregos em empresas de tecnologia, segundo o relatório. Os entrevistados destacaram a escassez de talento como a maior barreira para o crescimento do setor em 2019, além da concorrência geral e do preço do petróleo, uma conclusão que a surpreendeu, disse Hovem.
Precisamos “explicar à geração jovem a influência que se tem” ao entrar para o setor, disse Hovem. “A tecnologia, e o crescimento de todo tipo de ferramenta digital, tornará o setor mais atraente.”
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