Conheça a jornalista chefe da sucursal de São Paulo, Julia Leite

Nesta entrevista, Julia fala sobre sua jornada de estagiária a chefe de sucursal e conta como administra talentosos jornalistas bilíngues a partir da maior cidade brasileira. No Brasil, 2016 foi marcado por turbulências políticas, escândalos corporativos, as Olimpíadas e a epidemia do vírus zika.

Quais foram algumas das histórias memoráveis cobertas pela sucursal de São Paulo?

Nossa equipe é fantástica em realizar reportagens exclusivas e em primeira mão que movem os mercados. Escrevemos sobre a mineradora Samarco – que está paralisada há mais de um ano, desde o rompimento da barragem – e sobre como a empresa pode não conseguir pagar uma parcela programada da dívida. O título da companhia interrompeu uma sequência de 12 dias de valorização assim que publicamos a reportagem.

Outro exemplo: no auge da crise política, antes do impeachment de Dilma, fomos os primeiros a postar no Twitter e divulgar uma manchete avisando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria nomeado ministro da Casa Civil. A reação do mercado foi absurda.

O Brasil é um país enorme com uma economia enorme. Em termos absolutos, só fica atrás da China nos mercados emergentes. Os investidores precisam prestar atenção nos mercados emergentes e prestar atenção na América Latina. Há tantas empresas e tanto potencial no Brasil — se e quando a economia pegar no tranco novamente.

Quais são os maiores desafios na cobertura de notícias no Brasil?

Explicar as disputas de poder de modo que os investidores estrangeiros compreendam é um dos maiores desafios, dado que boa parte da cobertura dos mercados e de empresas tem sido vinculada à política nos últimos dois anos. E nós temos mais de 30 partidos políticos! Os movimentos na política são rápidos e as estruturas e relacionamentos mudam o tempo todo. Conseguir acesso a bilionários e políticos é difícil – eles não querem expor seus relacionamentos financeiros.

Nós não cobrimos muitos protestos. Quando fazemos isso, enviamos repórteres com experiência nesse tipo de imprevisibilidade. Sempre levamos máscara contra gás e capacete. No fim das contas, somos responsáveis por enviar os jornalistas para lá e queremos que eles obtenham a notícia E que estejam seguros.

Qual é a rotina diária na sua função?

Tédio, jamais. Meu dia começa às 6h30, quando checo minhas mensagens e o Twitter. Às 7h30, estou no escritório lendo os principais jornais brasileiros e o noticiário global para saber o que aconteceu no mundo durante a madrugada.

Na minha posição, falo muito e escuto muito. Colaboro com os repórteres para decidirmos juntos o ângulo da reportagem. Geralmente eu não apenas distribuo pautas. Gosto de escutar as opiniões, considerações e posições do repórter. Decidimos juntos o que vamos cobrir.

São três sucursais da Bloomberg News no Brasil: São Paulo, Rio e Brasília. Toda manhã fazemos uma conferência por telefone para discutir as principais notícias e o que está acontecendo no país. Também fazemos uma conferência semanal sobre reportagens mais amplas em andamento, notícias que estão evoluindo e sobre o que cada um está fazendo.

Quem trabalha com jornalismo vive a história e conta essa história para o mundo. De vez em quando, trabalhamos nos finais de semana para cobrir aqueles momentos que entrarão nos livros de história. Vamos contar para nossos netos que estivemos lá.

Como você chegou a este ponto na carreira?

Comecei trabalhando na área de comunicação corporativa de uma empresa farmacêutica, depois passei a escrever para uma revista de finanças e isso realmente despertou meu interesse sobre assuntos de economia.

Eu fui atrás desse interesse e fui trabalhar para um website de finanças, cobrindo bolsas no Brasil e nos EUA. Mas eu sabia que precisava de mais base sobre negócios e economia, então me mudei para Nova York para cursar um mestrado.

Depois que me formei, fui contratada como estagiária da Bloomberg News. Minha primeira rotação foi na equipe de Mercados Emergentes, depois voltei àquele time após um breve período cobrindo Finanças Corporativas. Uns três anos depois, mudei para São Paulo para chefiar a sucursal.

O que mais te empolga na cobertura de notícias no Brasil?

É tanta coisa acontecendo que você precisa acompanhar e estar preparado para mudanças de última hora. Realmente, nenhum dia é parado e é preciso aprender e se adaptar às mudanças praticamente todo dia. É ótimo chamar a atenção das pessoas para isso – quantas coisas estão acontecendo, quanto potencial existe.

Além disso, temos um serviço em português, portanto trabalhamos em dois idiomas. Os clientes brasileiros preferem ler as notícias em português. Um grande desafio nosso é garantir constantemente que o conteúdo e o tom sejam os mesmos em português e inglês.
E nós usamos o Terminal Bloomberg para acessar dados que ninguém mais tem. É realmente impressionante.

Saiba mais sobre as últimas tendências nos mercados emergentes aqui e navegue as oportunidades de carreira em jornalismo em todo o mundo.

Agende uma demo.