Coordenação de Temer e Levy enfrenta teste no Congresso

Notícia exclusiva por Josué Leonel.

Votações previstas a partir de hoje podem representar um teste importante para a coordenação do governo no Congresso, comandada pelo vice-presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. As medidas restringem o acesso ao seguro-desemprego e pensões, temas sensíveis aos políticos em geral, especialmente os mais alinhados à esquerda.

Depois da frustração do mercado com o resultado fiscal abaixo das piores estimativas registrado em março, este teste ganha peso. Uma derrota do governo ampliaria o risco de a meta fiscal deste ano, de 1,2% do PIB, não ser atingida, ressuscitando o fantasma do rebaixamento de rating.

A boa notícia é que há uma boa chance de as medidas serem aprovadas após a melhora de coordenação com a nomeação de Temer para ajudar Levy nas negociações das medidas fiscais no Congresso, diz o cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez. A má é a economia do governo com as medidas deverá ser bem menor que o planejado.

A Tendências calcula que o corte de gastos será de apenas R$ 5 bilhões, ante R$ 18 bilhões previstos inicialmente, após pontos das medidas serem flexibilizados. Ainda assim, Cortez considera que uma vitória do governo poderá ser bem recebida pelos investidores. “O governo estaria mostrando que tem capacidade de aprovar ainda que uma pauta mínima de medidas no Congresso. Seria um bom sinal em termos de governabilidade”.

Uma derrota do governo, por outro lado, poderia estressar o mercado. Apesar da expectativa ligeiramente positiva do mercado com as votações, as advertências feitas ontem por Temer sugerem que as resistências no Congresso permanecem fortes.

Temer disse que, se não houver ajuste, o contingenciamento das verbas do orçamento será radical. E ainda teria cobrado engajamento do PT, afirmando que, sem o apoio do partido, o ajuste não será aprovado. Levy também tem feito sua parte, advertindo que o risco de o Brasil perder o grau de investimento não está eliminado.

A aposta na melhora da coordenação política do governo foi um dos fatores que levaram o real e o Ibovespa a subirem com força em abril. O mercado entendeu que a experiência e o simbolismo de Temer, como vice-presidente e figura de peso no PMDB, somadas à autoridade de Levy, fariam a diferença. Esta percepção, agora, vai ser testada na prática.

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