Por Davison Santana.
A especulação de que o Banco Central do Brasil pode cortar as taxas de juros no futuro próximo tem alimentado um carry trade que está impulsionando o real. Desde 19 de janeiro, quando o presidente do Banco Central Alexandre Tombini sinalizou uma postura mais dovish, os investidores têm procurado lucrar com as taxas no maior patamar dos últimos nove anos.
O aumento do apetite por dívida local brasileira causou um deslocamento significativo para baixo na curva de swap de taxa de juros DI desde a decisão do Banco Central em 20 de janeiro, quando o Brasil inesperadamente deixou as taxas inalteradas. Dada a inflação muito maior, os mercados estavam esperando um aumento de 25 ou 50 pontos base na taxa que está em 14,25 por cento.
Investidores asiáticos aproveitando a taxa local relativamente alta através de carry trades estão ajudando o real melhorar sua performance, Pablo Spyer, diretor operacional da corretora Mirae Asset Wealth Management, disse em uma entrevista por telefone em 3 de fevereiro. Os rendimentos do Brasil tornaram-se atraentes para os investidores asiáticos ainda mais após o Japão anunciar uma política de taxas negativas.
O swap de um ano no Brasil paga 14,56 por cento em 5 de fevereiro, em comparação com 3,79 por cento no México e 7,34 por cento na África do Sul.
O carry trade ajudou a pressão compensada sobre a moeda considerando a preocupação de que o Banco Central cedeu à pressão política e vai abster-se de elevar a taxa de referência, apesar do aumento da inflação. Enquanto a curva de DI deslocou-se para baixo, também acentuou com os traders apostando em postura mais dovish do Banco Central levaria a taxas mais elevadas no futuro.
O desempenho positivo da moeda e queda nas taxas de swap pode não durar. Uma vez que o governo recebe de volta ao trabalho após o feriado de carnaval, o foco se deslocará de volta para os fundamentos, como a desaceleração do crescimento e impasse político que está atrasando medidas fiscais.