Corte da Opep cria oportunidade para petróleo brasileiro na Ásia

Por Andy Hoffman.

O petróleo do Mar do Norte, do Brasil e dos EUA está inundando a Ásia em volumes recorde porque os cortes de produção da Opep subvertem os fluxos tradicionais.

A quantidade de petróleo oriundo do Mar do Norte, do Brasil e dos EUA enviada à Ásia subiu 55 por cento nos quatro primeiros meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados compilados pela empresa de análises Vortexa, com sede em Londres. Como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus parceiros reduziram a produção para tentar eliminar a oferta global excedente, os produtores de fora da Opep ocuparam a lacuna na demanda da Ásia por petróleo.

“Os fluxos estão em níveis sem precedentes”, disse Fabio Kuhn, CEO da Vortexa e ex-executivo da BP, em entrevista. “Isso mostra para onde a participação de mercado está indo.”

Os fluxos provenientes de fontes de fora da Opep para a Ásia serão “uma tendência duradoura”, disse Kuhn. A Opep e seus parceiros entraram em consenso na semana passada para prolongar o acordo histórico de dezembro para reduzir a produção em cerca de 1,8 milhão de barris por dia, manobra insuficiente para eliminar o excesso de oferta global ou para conseguir uma recuperação sustentada dos preços. A Arábia Saudita, maior produtora da Opep, foi a terceira maior vendedora de petróleo para a China pelo segundo mês seguido em abril, atrás de Rússia e Angola.

As exportações de petróleo dos EUA para a Ásia foram de em média 222.000 barris por dia durante os quatro primeiros meses do ano, quase sete vezes mais que no mesmo período do ano passado, mostram dados da Vortexa. As exportações de petróleo do Brasil para a Ásia aumentaram 54 por cento no mesmo período, para uma média de 588.000 barris por dia.

O salto de 57 por cento nos fluxos do Mar do Norte para a Ásia, para 398.000 barris por dia nos quatro primeiros meses do ano, resulta de “uma situação diferente”, disse Kuhn. “Deve-se na verdade à grande quantidade de petróleo doce leve existente nesta região do planeta”, disse o CEO, de Londres.

A maior parte das exportações de petróleo de fora da Opep para a Ásia tem como destino China e Coreia do Sul e alguns carregamentos são enviados a Cingapura, segundo a Vortexa, uma startup de análises de petróleo que mantém uma plataforma on-line para monitorar as exportações de petróleo.

A Vortexa, que planeja expandir seus negócios para monitorar derivados de petróleo, afirmou que seu sistema foi testado por algumas das maiores traders de energia. Entre os demais fundadores da firma está Etienne Amic, que trabalhou anteriormente no JPMorgan, na Total e na Mercuria Energy Group.

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