Por Mario Parker e Laura Blewitt.
As exportações de gasolina dos EUA estão no mais alto patamar da história em uma base sazonal, e um dos motivos é o custo cada vez maior imposto às refinarias americanas para cumprir a exigência do governo para os biocombustíveis.
As refinarias precisam misturar etanol à gasolina ou comprar créditos em substituição. Esses créditos, conhecidos como Números de Identificação Renováveis (RINs), deram um salto de 90 por cento desde maio, para 83,5 centavos de dólar cada, e poderão chegar a US$ 1 nos próximos meses, disse Aakash Doshi, analista do Citigroup em Nova York.
A indústria do petróleo argumenta que nem mesmo a projeção de consumo recorde de gasolina para esse verão (Hemisfério Norte) será suficiente para absorver todo o etanol que o governo os obriga a misturar. Isso está estimulando a procura por RINs para que as refinarias possam continuar cumprindo a lei.
Mas o aumento do custo dos RINs está incentivando uma segunda opção para as refinarias, segundo Mark Broadbent, analista da Wood Mackenzie em Houston: a exportação de sua gasolina, que isenta o produto da diretriz de biocombustíveis.
Esta solução alternativa se tornou mais popular também por causa dos problemas das refinarias no México e dos distúrbios na Venezuela, que respaldam a demanda por importações nesses dois países.
“O mercado de exportação tem estado bastante forte”, disse John Auers, vice-presidente-executivo da consultoria de energia Turner Mason, com sede em Dallas. “Assim não é preciso comprar” os RINs.
Os preços do RIN estiveram voláteis no início do ano devido à especulação de que o governo Trump reduziria drasticamente as metas dos biocombustíveis em resposta às pressões do setor de refino. No início do mês, o governo propôs cotas de combustíveis renováveis para 2018 que moderaram o uso global de biocombustíveis. Mas a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês), que administra a exigência dos biocombustíveis, também propôs o abandono da cota para combustíveis renováveis convencionais — principalmente o etanol à base de milho — nos limites legais.
Por lei, as refinarias dos EUA devem usar 56 bilhões de litros de biocombustíveis convencionais neste ano. A demanda projetada por gasolina é de 542 bilhões de litros, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.
Assim, o etanol deverá representar mais de 10 por cento da oferta de gasolina dos EUA. A superação desse limite é um problema para os defensores do petróleo, que argumentam que as misturas elevadas danificam o motor dos veículos.
Ainda assim, as misturas acima de 10 por cento foram aprovadas pela EPA para carros fabricados após 2001. Os defensores da indústria de combustíveis renováveis afirmam que a manutenção da participação de mercado é a razão pela qual as petroleiras não querem superar o limite.
Os esforços para tornar as concentrações maiores do combustível mais amplamente disponíveis sofreram um revés nesta semana quando o Comitê de Meio Ambiente e Obras Públicas do Senado engavetou uma lei que permitiria a venda durante todo o ano da chamada E-15, uma gasolina misturada com 15 por cento de etanol.
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