Por Aline Oyamada.
Os detentores de títulos que se recusaram a dar alívio à dívida da Gol, a maior empresa aérea do Brasil, agora estão sendo recompensados.
Os títulos perpétuos da emissão de US$ 200 milhões da Gol Linhas Aéreas Inteligentes tiveram alta de 64 por cento desde 1o de julho, quando a companhia finalizou uma reestruturação de dívida aceita por apenas 22 por cento dos credores, muito abaixo do índice de 95 por cento de aceitação desejado pela companhia. A empresa aérea ofereceu apenas 45 centavos de dólar pelos títulos perpétuos, que agora são negociados a 52,5 centavos.
Mesmo sem conseguir a adesão dos credores que queria, a Gol está recuperando a confiança do investidor desde que anunciou que iria cortar a sua frota em 11 por cento até o fim do ano e depois de registrar seu segundo lucro trimestral consecutivo graças à valorização da moeda brasileira. O ganho de 22 por cento do real neste ano e a queda nos custos do combustível de aviação estão compensando o recuo na receita provocado pela maior recessão econômica do Brasil em mais de um século.
“Olhando para trás, parece que não aceitar a oferta pode ter sido a melhor decisão”, disse Jorge Piedrahita, presidente da corretora Torino Capital, de Nova York. “Naquele momento, a incerteza era grande”.
Em uma teleconferência com analistas, na terça-feira, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que a companhia está gerando caixa suficiente para atender o serviço da dívida em 2016.
Mas, apesar da recuperação, os títulos da Gol continuam altamente distressed. As notas perpétuas da empresa têm um yield 14,47 pontos percentuais superior ao dos títulos do Tesouro dos EUA.
“O contexto do setor continua muito desafiador e a liquidez é restrita”, disse Cedric Rimaud, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Gimme Credit, em nota na quarta-feira. “A Gol não está fora de perigo”.
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