Por Cristiane Lucchesi e Fabiola Moura.
Para os detentores de títulos da Oi, a nova proposta de reestruturação é muito parecida com a anterior: um mau negócio.
Grupos que representam credores com a maior fatia da dívida se opõem ao plano da operadora de telefonia brasileira para deixar o processo de recuperação judicial porque ele não oferece injeção de capital para ajudar a Oi a se recuperar e favorece os acionistas, segundo pessoas com conhecimento do assunto, que pediram anonimato porque a posição ainda não é pública. A alta de 22 por cento no preço das ações da Oi na quinta-feira, disse uma das pessoas, é prova de que os acionistas sairiam ganhando.
Essa reação é sinal de que provavelmente haverá uma briga acirrada entre acionistas, credores, a empresa e o governo, que têm visões divergentes sobre o futuro da quarta maior operadora do Brasil. Depois que a primeira proposta da Oi foi rejeitada em setembro, um grande grupo de credores assessorado pelo Moelis & Co e coordenado com o bilionário egípcio Naguib Sawiris sugeriu um plano que teria dado aos detentores de títulos uma participação acionária de 95 por cento. Os investidores de private equity Cerberus Capital Management e Elliott Management também vêm elaborando propostas.
Embora a Oi negocie com detentores de títulos e possíveis investidores, a proposta de reestruturação precisa atingir um equilíbrio entre as necessidades da companhia e as de todas as partes interessadas, disse o presidente Marco Schroeder em entrevista.
“Até o dia da assembleia geral dos credores, ambos os lados tentarão maximizar seus ganhos”, disse Schroeder. “Os acionistas tentarão abrir mão do mínimo possível e os credores tentarão extrair o máximo.”
A companhia solicitou recuperação judicial em junho com cerca de US$ 19 bilhões em dívidas, e sua longa permanência no tribunal de falências irritou o governo brasileiro, a quem a Oi deve dinheiro por não ter efetuado o pagamento de multas. Embora o governo prefira uma solução no setor privado, as autoridades vêm esboçando um plano para intervir na reestruturação se for necessário, disse o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, na semana passada.
Segundo o plano revelado pela Oi nesta semana, os detentores de títulos trocariam sua dívida por uma participação acionária que poderia chegar a 38 por cento após três anos, muito abaixo dos 95 por cento que os investidores assessorados pelo Moelis pediam. Esse grupo também queria um investimento de US$ 1,25 bilhão para ajudar a engrenar a recuperação da companhia telefônica, mas a proposta da Oi não inclui nenhuma injeção de dinheiro. As empresas de private equity Cerberus e Elliott, que atualmente não possuem ações nem dívida da Oi, também discutiram planos que incluíam até US$ 3 bilhões em capital novo, de acordo com pessoas a par das negociações.
A nova proposta da Oi implica um desconto de 86 por cento para os detentores de títulos, segundo Susana Salaru, analista do Itaú BBA.
“Muitos desses investidores não são nem acionistas nem credores”, disse Schroeder. “Eles consideraram a Oi como uma boa oportunidade, mas muitas vezes suas propostas não reconhecem o valor nas ações atuais nem nos credores.”
“Nossa proposta é equilibrada entre credores e acionistas” e também apresenta condições melhores para os bancos com os quais a Oi tem dívida, disse ele.
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