Crescimento da nuvem diminui, conforme clientes iniciais recuam e novos hesitam

Este artigo foi escrito por Brody Ford e Matt Day. Exibido antes no Terminal Bloomberg.

Por um tempo, a computação em nuvem foi a máquina de dinheiro dos gigantes da tecnologia. Com o crescimento da economia digital, empresas de todos os setores econômicos desenvolveram uma maior necessidade de armazenamento flexível de dados e poder de processamento. Isto criou uma oportunidade para as empresas de tecnologia alugarem tal capacidade. A pandemia acelerou a tendência, gerando anos de boas notícias para a Alphabet, Amazon e Microsoft.

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Os negócios de computação em nuvem das Big Techs continuam a crescer, mas não tão rápido como antes. A taxa de crescimento de cada uma das três líderes de mercado no quarto trimestre caiu pelo menos 10 pontos percentuais em relação aos nove meses anteriores. Isto ocorreu em parte porque uma economia instável significa que “cada dólar está sendo avaliado” pelos clientes existentes, diz Rikin Shah, fundador e diretor executivo da Slower.ai, que ajuda empresas a migrarem para a nuvem. A maior parte da infraestrutura de nuvem é precificada com base no uso — de modo que os clientes podem reduzir suas faturas simplesmente ao utilizar menos o sistema. O diretor financeiro da Amazon.com Inc., Brian Olsavsky, disse em uma chamada de resultados em 2 de fevereiro que os empréstimos hipotecários e a negociação de criptomoedas dois exemplos dos muitos setores em desaceleração que impedem o crescimento da nuvem.

Pela primeira vez na história da indústria, há sinais de que o número de empresas que migram para a nuvem está diminuindo. As empresas para as quais a transição fazia mais sentido já a fizeram, o que significa que os clientes que buscam a transição agora muitas vezes têm projetos mais complicados e demorados. Essa complexidade pode significar que os clientes mais novos são menos lucrativos para os provedores de nuvem do que aqueles que já contrataram esses serviços no passado.

Essa é uma mudança incômoda para os gigantes da tecnologia, que têm visto o aluguel de capacidade computacional e armazenamento como um negócio atraente. A Amazon Web Services gera menos de um sexto da receita da Amazon, mas a empresa não seria rentável sem sua divisão de nuvem. A plataforma Azure da Microsoft Corp. tem fomentado um ressurgimento de receitas na última década. A Google, da Alphabet Inc., que demorou mais que seus principais rivais em termos de ofertar negócios em nuvem, espera que sua divisão de nuvem (ainda não lucrativa) ajude na diversificação de receita da empresa para além da publicidade. (A Alibaba Group Holding Ltd., titã de tecnologia chinesa e quarto maior provedora global de nuvem de acordo com o Synergy Research Group, enfrentou um cenário pior do que suas contrapartes dos EUA nos últimos meses, devido a uma desaceleração econômica mais ampla na China.)

Na corrida para entrar no modelo de negócios de nuvem, muitas empresas não encontraram as formas mais econômicas de fazer a transição Algumas delas já estão focadas em reduzir suas despesas de computação na nuvem, de acordo com Dave McCarthy, vice-presidente de serviços de infraestrutura da IDC. “Se a otimização de custos de nuvem ainda não estava no topo da lista de prioridades para CIOs, agora está”, afirma ele. Essa consciência de custo é um sinal de que o mercado está amadurecendo, diz Sid Nag, vice-presidente da Gartner Inc.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, descreveu a nova atmosfera em uma chamada de resultados em 24 de janeiro: “Assim como vimos os clientes acelerarem seus gastos com soluções digitais durante a pandemia, agora estamos vendo eles otimizando esse gasto”, disse ele.

O crescimento não está exatamente chegando ao fim. A nuvem compõe apenas cerca de um quinto do mercado mundial de TI, com quase US$ 1,9 trilhão anual, e tem muito espaço para crescer, de acordo com o analista da Bloomberg Intelligence, Anurag Rana. A próxima fase de expansão será estimulada por grandes empresas, que há muito tempo usam servidores e armazenamento locais, substituindo para computadores alugados pela Internet, afirma Rana.

Setores como o financeiro e de saúde são frequentemente citados como relutantes. A Oracle Corp., que também demorou para desenvolver seu negócio na nuvem, gastou US$ 28,3 bilhões em 2022 para adquirir a Cerner, uma provedora de registros de saúde eletrônicos, em parte como uma aposta neste mercado desafiador. Novos produtos de inteligência artificial, incluindo o ChatGPT da OpenAI e o Bard do Google, podem contribuir significativamente para a demanda de nuvem se crescerem conforme o esperado. Nadella disse em uma chamada de resultados da Microsoft que a receita da Azure com aprendizado de máquina no mínimo dobrou em cinco trimestres consecutivos.

Ainda assim, a promessa de converter toda a economia para a nuvem ficou para trás, inspirando os líderes a refletir sobre sua próxima grande aposta. Grande parte da chamada de resultados da Amazon em 2 de fevereiro se concentrou no crescimento mais lento da AWS. Mas o CEO, Andy Jassy, encerrou a reunião olhando para além da nuvem. Ele refletiu sobre qual investimento futuro poderia transformar a empresa novamente.

“Pensem em como a Amazon seria uma empresa diferente hoje se não tivéssemos investido na AWS, o que contribui para informar alguns dos outros investimentos significativos que estamos fazendo”, disse Jassy, citando o setor de saúde e um plano para lançar milhares de satélites de Internet na órbita da Terra. “Só é preciso que um ou dois desses exemplos vire o quarto pilar da Amazon para que sejamos uma empresa muito diferente ao longo do tempo.” — Com Dina Bass e Julia Love

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