Para traders de bonds, aposta em crescimento mundial é pergunta do milhão

Por Simon Kennedy.

O que os traders de bonds sabem sobre a economia mundial que outros investidores estão ignorando?

É isso que intriga David Woo, diretor de taxas e moedas internacionais do Bank of America Corp. em Nova York.

Os investidores em renda fixa estão procurando saídas porque os títulos do Tesouro americano a longo prazo estão despencando pela aposta de que a economia dos EUA já quase esteja forte o suficiente para que o Federal Reserve (Fed) eleve as taxas de juros. Enquanto isso, os bunds alemães a dez anos estão tendo um yield superior ao registrado quando o Banco Central Europeu iniciou a flexibilização quantitativa.

Em suma, a venda mundial de bonds tem sido tão violenta que o aumento nas taxas a dez anos dos mercados de importância no segundo trimestre foi o maior desde o chamado “taper tantrum” (volatilidade no mercado causada pelo medo de dificuldades de liquidez) de 2013, segundo Woo.

“Tanto o caráter mundial da recente corrida para venda de bonds quanto o acentuado incremento nos yields reais indicam que o mercado de taxas está ficando mais otimista em relação ao crescimento mundial”, disse ele em um relatório para clientes na segunda-feira. “A pergunta do milhão é se o que parece ser um maior otimismo dos investidores em taxas quanto ao crescimento de fato se justifica”.

Para os economistas no Morgan Stanley, no JPMorgan Chase Co. e no Credit Suisse Group AG, a operação provavelmente está bem fundamentada, pois eles projetam que a economia mundial vai acelerar no segundo semestre deste ano. O argumento otimista é reforçado pelo acordo de resgate da Grécia desta semana e pela visão consensual de que a recente depressão do mercado acionário da China não derrubará sua economia, muito menos as de outros lugares.

Otimismo

O que preocupa Woo é que nem todos os mercados compartilham o otimismo dos investidores em bonds, especialmente o setor de transporte, que deveria estar estreitamente ligado à saúde da demanda internacional.

É possível que muito dependa da China. Woo sustenta que é razoável presumir que uma maior moderação da expansão tenha repercussões internacionais, considerando que o país respondeu por um terço do crescimento global nos três últimos anos. Seus colegas dizem que o declínio das ações poderia prejudicar a segunda maior economia do mundo ao corroer a confiança na capacidade do governo de lidar com o problema e aumentar sua hesitação para aplicar ainda mais estímulos monetários.

“Talvez alguém esteja pensando que estávamos no meio de uma desaceleração do crescimento mundial”, disseram analistas do Deutsche Bank AG na sexta-feira. “Trata-se apenas de uma turbulência passageira dos dados ou será algo mais sinistro?”.

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