Crescimento pode ajudar mercados a enfrentar alta Fed, diz Pimco

Por Candice Zachariahs e Garfield Reynolds, com a colaboração de James Regan.

Uma melhora no crescimento econômico global no ano que vem poderia ajudar os mercados a enfrentar um aumento das taxas de juros do Fed, segundo a Pacific Investment Management.

Índices de gerentes de compras e números do comércio parecem estar chegando ao fundo do poço, sendo que muitos países emergentes estão registrando grandes superávits comerciais após declínios cambiais acentuados, disse Luke Spajic, diretor de gestão de carteiras da Pimco para países emergentes da Ásia, em uma entrevista na terça-feira. Mesmo que o dólar possa se corrigir com uma desvalorização no curto prazo, a Pimco espera que os aumentos nas taxas dos EUA impulsionem mais ganhos da moeda frente às moedas asiáticas e em particular frente ao yuan, disse ele.

“Está acontecendo muita cicatrização agora, e se isso significa que o mundo está no fundo do poço, um verdadeiro fundo do poço no crescimento – e estamos vendo a pior parte disso – então talvez o mundo possa viver com taxas um pouco mais altas nos EUA”, disse Spajic. “Eu acredito que 2015 poderia ser só o fundo do poço para os números, isso poderia sugerir que os números macroeconômicos começarão a melhorar no ano que vem”.

Uma desaceleração nos mercados emergentes impulsionada pela fraqueza dos preços das commodities obrigou o FMI em outubro a diminuir sua perspectiva de crescimento global em 2015 para 3,1 por cento, a taxa mais baixa desde 2009. O rebaixamento foi o último de uma sequência, já que os responsáveis pela política econômica ainda não conseguem estimular expansões econômicas sincronizadas, sendo que um crescimento robusto nos EUA está em conflito com uma desaceleração em vários outros países.

Talvez isso esteja mudando. O índice Citigroup Economic Surprise para mercados emergentes e um indicador das quatro maiores economias em desenvolvimento beiram seus níveis mais fortes desde abril e um índice da zona do euro subiu para o valor mais alto em dois meses. As exportações da China estão superando as importações por uma diferença recorde e os superávits comerciais ficaram acima das estimativas no Brasil e na Rússia. O da Indonésia passou o patamar de US$ 1 bilhão pelo segundo mês consecutivo em outubro.

Recuperação

A estabilização ajudou algumas das moedas mais prejudicadas a ter um rali apesar de um índice de 20 moedas de mercados emergentes continuar 12 por cento mais fraco no acumulado do ano. A rúpia indonésia encabeçou os ganhos entre 31 principais moedas neste trimestre com um fortalecimento de 7 por cento. O real se apreciou 6,7 por cento desde o dia 30 de setembro, seguido por um avanço de 5,2 por cento da lira turca e uma alta de 4,7 por cento do ringgit da Malásia.

Entre os países emergentes da Ásia, o gerente de fundos destacou a rúpia indiana por ser uma moeda “que gostamos muito”. Spajic disse que prefere posição curta no yuan chinês porque as autoridades do país não teriam se dado o trabalho de desvalorizá-lo, lidar com fluxos de saída de capitais e pressionar para que seja incluído na cesta de moedas de reserva do FMI se não quisessem mais espaço para um maior enfraquecimento.

O Banco Popular da China diminuiu sua taxa diária de referência para o yuan em um recorde de 1,9 por cento no dia 11 de agosto, desencadeando a depreciação mais acentuada em mais de duas décadas, e disse que estava mudando para um sistema de estabelecimento da cotação mais impulsionado pelo mercado. A Diretoria Executiva do FMI votará no dia 30 de novembro a adição do yuan para sua cesta de Direitos Especiais de Saque junto ao dólar, ao euro, à libra esterlina e ao iene.

“A nossa previsão para a China continua sendo que daqui a doze meses, conforme acreditamos, sua moeda estará mais fraca – muito mais fraca do que se precifica”, disse Spajic. “Considerando a nossa visão cambial, estamos em uma posição longa em dólar e curta na moeda chinesa: isso não faz com que queiramos naturalmente ter muitos ativos em moeda local”.

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