Crescimento 'severamente subestimado", diz ex-ministro das finanças Ortiz

Por James Crombie e Justin Morton.

2-10-2016 1-40-38 PM

A agência de estatísticas nacional do México, Inegi, subestimou significativamente o crescimento do país, concentrando-se muito na oferta, de acordo com Guillermo Ortiz. Indicadores do lado da demanda mostram que o país cresceu 4 por cento no ano passado, superior à de 2,5 por cento que os analistas calculavam como base na análise do lado da oferta, disse o ex-ministro das Finanças mexicano e chefe do Banco Central.
 
“Estamos seriamente sub relatando o crescimento do PIB”, disse Ortiz, presidente da unidade mexicana do BTG Pactual, em uma entrevista por telefone em 13 de janeiro. “A medição do PIB do lado da oferta é errada. As metodologias têm que ser revistas”, acrescentou.

O FMI disse na semana passada que o México iria crescer 2,6 por cento e 2,9 por cento, em 2016 e 2017, respectivamente.

No primeiro trimestre de 2015, o Inegi informou um crescimento mexicano de 2,5 por cento, com base em dados do lado da oferta, disse Ortiz. No lado da demanda, o crescimento foi de 5 por cento, com base em dados secundários. Um padrão semelhante ocorreu no segundo e terceiro trimestre, disse ele.

“Esse tipo de discrepância estatística nunca foi tão grande no passado”, disse Ortiz. “Todos os pontos do lado da demanda mostram uma economia muito mais forte.”
 

graf02

 
Ortiz citou a automobilística nacional e as vendas no varejo, bem como os imposto sobre valor agregado para realçar a força do México. “Do lado da demanda, o crescimento tem sido de quatro por cento em 2015”, acrescentou.

Além disso, o México tem sido relativamente resistente à crise regional e ao fato de que a produção industrial nos EUA está estagnada, disse Ortiz.

A desvalorização do peso causou algum impacto em bens duráveis no ano passado, mas é improvável que chegue mesmo até 3 por cento em 2016, prevê Ortiz. Ao mesmo tempo, as exportações mexicanas estão se tornando mais competitivas.

Apesar da baixa inflação recorde e o crescimento do PIB, o México elevou as taxas em linha com o Federal Reserve dos EUA este mês. Ortiz disse que isto foi justificável.

“Se você só olhar para as condições domésticas seria difícil explicar uma política de aperto monetário no México. Mas dado o que está acontecendo nos Estados Unidos, e no mundo, e assim por diante, pode-se entender muito bem por que Banxico está tomando esta postura”, disse Ortiz.

Olhando para a América Latina em geral, Ortiz disse que não esperava um grande colapso. “Eu não vejo uma repetição da crise financeira da década de 1990 na América Latina. O Brasil está no segundo ano de uma recessão íngreme. Mas eu não sinto uma crise financeira em desenvolvimento no Brasil. O sistema financeiro está em boa forma”, disse Ortiz.

A assessoria de imprensa do Inegi não respondeu ao pedido de comentário.
 

Cartsens diz que política monetária alinhada ao FED é ‘essencial’

Por Katia Porzecanski e Nacha Cattan.

O presidente do Banco Central do México Agustin Carstens disse que é “essencial” para o país coincidir com o Federal Reserve dos EUA sobre a política monetária, respondendo à pergunta se deve agir antes ou depois de qualquer movimento do Fed.

O peso está perdendo cada vez mais seu valor em relação ao dólar norte-americano, em parte, por causa da “posição monetária entre o México e os EUA”, disse Carstens, em uma entrevista realizada em Davos, no dia 23 de janeiro.

“Nós gostaríamos de, pelo menos, eliminar esse fator.” O Banxico elevou os custos dos empréstimos em dezembro, pela primeira vez desde 2008, após um aumento do Fed, considerando que os analistas preveem uma folga econômica persistente e que a inflação deve permanecer próxima da meta do banco de 3 por cento em 2016. Ele tinha dito que não coincidir com o Fed poderia levar a um desordenado sell-off no peso, que atingiu um recorde de baixa nesta semana, e estimular o aumento da inflação.

“Seguir o Fed é essencial”, disse Carstens. “Se a decisão for tomada antes ou depois vai depender um pouco sobre outros fatores intervenientes que podem ocorrer no momento de tomarmos nossas decisões.”

O México provavelmente vai aumentar as taxas de juros em 0,5 ponto percentual este ano, em comparação com um aumento de 0,75 ponto percentual dos EUA, de acordo com as previsões de economistas consultados pela Bloomberg.

Agende uma demo.