Por Reed Landberg, Chisaki Watanabe e Heesu Lee.
O mundo precisa investir US$ 2,4 trilhões em energia limpa a cada ano até 2035 e reduzir a quase nada o uso de energia gerada a partir do carvão até 2050 para evitar os danos catastróficos causados pelas mudanças climáticas, segundo cientistas reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O relatório deles, divulgado nesta segunda-feira, aumenta a pressão para que autoridades e empresas ampliem suas respostas ao aquecimento global, que está elevando os níveis do mar, tornando as tempestades mais violentas e piorando a pobreza. A atmosfera já está quase 1 grau Celsius mais quente do que no início da revolução industrial e a caminho de subir 3 graus até 2100, segundo o relatório. Esse é o dobro da meta do Acordo Climático de Paris de 2015, endossado por quase 200 nações.
“Já estamos vendo as consequências de ter um grau de aquecimento global no clima mais extremo, no aumento do nível do mar e na redução do gelo marinho do Ártico”, disse Panmao Zhai, um dos copresidentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), que reuniu os trabalhos de centenas de pesquisadores e milhares de artigos científicos.
Mesmo um aumento de 1,5 grau teria enormes consequências, incluindo uma “elevação de vários metros do nível do mar” ao longo de centenas a milhares de anos e a extinção em massa de plantas e animais. Com um aumento de temperatura dessa escala, das 105.000 espécies estudadas, 6 por cento dos insetos, 8 por cento das plantas e 4 por cento dos vertebrados perdem metade de seu habitat. Essas proporções dobram com um aumento de 2 graus.
Os enviados às negociações de Paris de 2015 pediram que o IPCC estudasse o que seria necessário para limitar o aquecimento a 1,5 grau, uma meta mais ambiciosa do que a anterior, de 2 graus. Os cientistas concluíram que as emissões de dióxido de carbono deveriam ser reduzidas em 45 por cento até 2030 em relação aos níveis de 2010 e depois reduzidas a zero até 2050. Isso exigiria “mudanças sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”, especialmente dentro do setor de energia. O relatório reconheceu que essas mudanças seriam difíceis e caras, mas não impossíveis.
Restrições para implantação
“Essas transições de sistemas são inéditas em termos de escala, mas não necessariamente em termos de velocidade, e implicam profundas reduções das emissões em todos os setores”, afirmou o IPCC no relatório. “Essas opções estão tecnicamente comprovadas em várias escalas, mas a implantação delas em grande escala pode ser limitada pela capacidade econômica, financeira e humana e por restrições institucionais.”
Para limitar o aquecimento a 1,5 grau seria necessário quase quintuplicar o investimento médio anual em tecnologias energéticas de baixo carbono até 2050 em comparação com 2015, segundo o relatório.
Os US$ 2,4 trilhões necessários anualmente até 2035 também representam um aumento de quase sete vezes em relação aos US$ 333,5 bilhões que, segundo estimativa da Bloomberg NEF, foram investidos em energias renováveis no ano passado.
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