Crise nas exportações lembra ‘Grande Colapso no Comércio’; BID: não há sinais de recuperação

Por James Crombie.

As exportações da América Latina entraram na pior crise, desde 2008-2009, no primeiro trimestre deste ano, de acordo com um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Estamos comparando o que estamos vendo ao que os economistas chamam de ‘O Grande Colapso no Comércio’ de 2009”, disse Paolo Giordano, principal economista no setor de comércio e integração do BID.

As exportações na América Latina caíram 9,1 por cento nos três primeiros meses de 2015 em relação ao primeiro trimestre de 2014. Em comparação, no primeiro trimestre de 2009, as exportações caíram 29,8 por cento, disse Giordano em uma entrevista por telefone em 11 de junho.
 

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As principais âncoras nas exportações foram petróleo, China, uma recuperação dos EUA mais lenta que o previsto e a valorização do dólar.

A China importou 28 por cento menos da América Latina no trimestre, enquanto as exportações para os EUA caíram 6 por cento e as vendas para a União Europeia encolheram 3 por cento.

O segundo semestre pode ser um pouco melhor, com a recuperação do preço do petróleo, mas o cenário para as exportações continua negativo.

“Não vemos grandes fatores que poderiam reverter definitivamente essa tendência negativa para o resto do ano”, disse Giordano. “Nossa aposta mais segura, no momento, é de uma contração contínua em ritmo mais lento.”

A recuperação da economia dos EUA deve ajudar as exportações do México e América Latina, disse Giordano. Mas a América do Sul está exposta a maior valorização do dólar.
 

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“Se a recuperação dos EUA vier forte como se prevê, o FED provavelmente vai começar a aumentar as taxas de juro. Isso pode exigir maior aumento na taxa de câmbio do dólar, o que pode ter impacto negativo nas exportações da América Latina.”

Outras regiões não devem compensar de maneira significativa.

“Há alguns sinais de recuperação na Europa, mas a Europa perdeu a importância na cota de exportações da América Latina”, disse Giordano. “Mesmo que a Europa comece a crescer, isso não terá um grande impacto.”

Os únicos três países que exportaram mais no primeiro trimestre — Guatemala, Honduras e El Salvador — foram ajudados pela alta no preço do café, ele acrescentou.

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