Cultura machista em tecnologia pode ampliar brecha salarial

Por Jacqueline Thorpe.

Em 1929, Elsie MacGill se tornou a primeira mulher norte-americana a obter um mestrado em engenharia aeronáutica. Ela depois liderou a produção canadense de aviões de caça Hawker Hurricane durante a Segunda Guerra Mundial, quando ganhou o apelido de “Rainha dos furacões” e até uma tirinha de quadrinhos.

Embora o número de engenheiras tenha aumentado desde os dias de MacGill, as mulheres terão que dar um salto considerável para reduzir as disparidades salariais entre os gêneros em uma economia global que está entrando na era digital, afirma um estudo do Toronto-Dominion Bank.

“Será difícil fechar, ou talvez até reduzir, a brecha salarial global entre os gêneros se as mulheres não fizerem avanços fortes” em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, os chamados setores STEM, disseram Beata Caranci, economista-chefe do Toronto-Dominion Bank, e seus colegas no relatório divulgado na semana passada.

O estudo, motivado em parte pela inclusão de MacGill na lista de mulheres finalistas para aparecer na cédula de 10 dólares canadenses no ano passado, chega em um momento em que se está prestando uma atenção muito grande às mulheres no campo da tecnologia devido a relatos de sexismo e assédio na cultura machista do Vale do Silício. Os imbróglios ofuscaram o marco histórico que as mulheres americanas atingiram no ano passado: pela primeira vez, elas ganharam mais de 80 centavos por cada dólar recebido por um homem. No Canadá, esse valor foi de 87 centavos.

Mas se as mulheres não fizerem mais incursões em empregos de maior remuneração em áreas científicas e tecnológicas, isso poderia ser o máximo que conseguiriam em matéria de salário feminino, escreveu a equipe de Caranci. As mulheres representam menos de um quarto dos empregos STEM no Canadá, mas uma projeção realizada pelo órgão de estatísticas do país sobre escassez de mão de obra indica que nesses setores irá ocorrer o segundo excesso de demanda por trabalhadores mais acentuado daqui a 2024.

Enquanto isso, atualmente as mulheres que entram nos setores STEM geralmente são relegadas a funções técnicas de menor remuneração e muitas trabalham em tempo parcial, mostrou o estudo. As mulheres com um diploma universitário representam cerca de um terço de todos os cargos técnicos em tempo integral, em comparação com apenas 21 por cento no caso dos homens. E apenas 23 por cento de todos os cargos STEM em tempo integral são ocupados por mulheres.

Essa tem sido uma combinação poderosa para manter as remunerações das mulheres em um nível baixo. Se as mulheres tivessem a mesma representação em empregos STEM de tempo integral que a que elas têm em cargos gerenciais médios — cerca de 40 por cento –, a brecha na média geral de salários por hora entre homens e mulheres no Canadá cairia em 16 por cento só por esse fator, de acordo com o estudo.

“A baixa representação das mulheres automaticamente coloca a renda ao longo de suas vidas em desvantagem a respeito da renda dos homens”, de acordo com os autores.

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