Decisão sobre juros nos EUA pode depender do Fed de Atlanta

Por Steve Matthews.

Quando Janet Yellen decidir que está pronta para elevar as taxas de juros de novo, seu ímpeto poderá vir de sua fonte de confiança para as tendências salariais: o Federal Reserve Bank de Atlanta.

Em junho, a presidente do Federal Reserve (Fed) mencionou dados do banco distrital que monitoram os salários dos indivíduos de um ano para outro, que mostraram um aumento robusto de 3,6 por cento no último período. O Fed de Atlanta também é a fonte da “estimativa favorita de todos para monitorar” o produto interno bruto, diz Neil Dutta, diretor econômico para os EUA da Renaissance Macro Research em Nova York.

Enquanto o banco central tenta entender a economia dos EUA, pesquisadores dos 12 bancos distritais estão correndo para encontrar formas melhores de medir o crescimento, o emprego e a inflação. Na rua Peachtree, no centro de Atlanta, 23 economistas desenvolveram alguns dos indicadores mais influentes do Fed, que estão dando forma ao debate sobre quando modificar as taxas de juros.

“O Fed de Atlanta está fazendo algumas pesquisas fascinantes”, disse Drew Matus, vice-economista-chefe para os EUA da UBS Securities em Nova York que trabalhou no Fed de Nova York. “Eles têm sido pioneiros na análise de coisas a partir de uma perspectiva diferente, o que acrescenta muito valor no ambiente atual”.

Dirigidos pelo presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, um ex-executivo do Citigroup de 69 anos, e pelo diretor de pesquisa David Altig, os relatórios introduzidos desde 2009 aumentaram a relevância do banco na elaboração de políticas monetárias.

Maior precisão

Desde que foi lançado, o monitoramento do PIB realizado pelo Fed de Atlanta demonstrou maior precisão do que as projeções consensuais de Wall Street e ficou mais perto do primeiro relatório sobre crescimento dos EUA do que as estimativas privadas em três dos últimos cinco trimestres.

Os dados sobre inflação também foram revolucionários. O índice de rigidez dos preços do Fed de Atlanta — que só mede preços que não se ajustam com frequência, o que dá um sinal sobre a inflação subjacente — foi seguido por pesquisas similares do Banco da Inglaterra e o Banco Nacional da Hungria.

PIB, salários

Originalmente, Altig pediu ao economista Pat Higgins que criasse o indicador do crescimento, chamado GDPNow, a partir de 2010. Lockhart e sua equipe monitoravam regularmente projeções mensais consensuais feitas por economistas particulares, mas era impossível desconstruir exatamente o que impulsionava mudanças muitas vezes grandes, disse Higgins.

Altig, Higgins e outros dois importantes pesquisadores, Mike Bryan e Brent Meyer, se mudaram de Cleveland para Atlanta. Por volta de 2011, Higgins tinha montado um modelo estatístico que atualizava as estimativas do PIB com base, em parte, no trabalho feito pelo Fed de Minneapolis. O monitorador do crescimento foi utilizado internamente durante três anos até sua publicação em 2014.

O índice de salários utiliza dados do censo dos EUA para identificar indivíduos e obter seus salários para o mês atual e o que eles informaram um ano antes. Como a média de crescimento dos salários é reduzida pela aposentadoria dos que mais ganham e pela entrada de trabalhadores mais jovens, o cálculo do Fed de Atlanta equipara as experiências reais das pessoas de forma mais próxima entre aquelas com histórico de emprego contínuo.

A próxima iniciativa de Atlanta é uma pesquisa mensal com empresários dos EUA, que agora compreende 1.800 responsáveis por tomar decisões e pretende se expandir para 2.400, como forma de medir tendências de precificação. A maioria das pesquisas consulta consumidores, famílias ou economistas sobre expectativas gerais de inflação, ao passo que essa série ainda não publicada pergunta aos empresários o que eles de fato estão fazendo com os preços.

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