Déficit do Brasil coloca um piso ao alívio do Banco Central

Por Marco Maciel.

O déficit do Brasil vai impedir o Banco Central de um alívio monetário tão forte nesse ano quanto os analistas e traders esperam, mesmo que a inflação desacelere mais rápido do que o antecipado, de acordo com projeções da Bloomberg Intelligence.

Economistas e traders de swap esperam que a taxa Selic caia para até 10,25% em dezembro, de 13,75% atualmente, uma vez que a economia batalha para se recuperar de sua maior recessão na história.

O Banco Central provavelmente brindará o ano novo com um corte de 50 pontos-base em 11 de janeiro, conforme esperado por traders de swap e analistas. A BI Economics projeta mais cortes como esse ao longo da primeira metade do ano.

Os mercados futuros de juros do Brasil provavelmente precificariam um alívio de 75 pontos-base para o encontro desse mês não fosse pelos formuladores de política do Fed nos EUA sinalizando três altas nesse ano. Alguns traders já estão precificando um corte de 75 pontos-base em fevereiro e abril.

Fortalecendo os “doves” está uma contínua recessão, dados mais fracos que o esperado para produção industrial, emprego e crédito.

Mas as esperanças para um alívio de 250 pontos-base subestimam o piso do déficit primário recorrente no Orçamento e o efeito que isso coloca nos custos de empréstimo. O resultado primário tem sido negativo desde 2014 e precisará ser reequilibrado se o governo quiser reduzir sustentavelmente a Selic para 10,25% até o fim de 2017.

O governo prevê que o setor público do Brasil vai incorrer em um déficit primário no Orçamento ao menos até o fim de 2018. O crescimento mais lento que o esperado, que erodiu a arrecadação tributária, deve manter o déficit antes do pagamento de juros em 2,5% do PIB em 2017 e 1% em 2018, adicionando 0,3 a 0,5 ponto porcentual ao ano nos preços ao consumidor.

A inflação permanecerá acima da meta de 4,5% do Banco Central ao longo de 2018, mesmo que os formuladores de política cortem as taxas para apenas 11,25% nesse ano. Se os formuladores de política forem até o fim do caminho, para 10,25% nesse ano, a inflação provavelmente excederá os 5% em 2018, após desacelerar para 4,8% em 2017, de acordo com os modelos do BI Economics.

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