Depressão de moedas de mercados emergentes torna difícil achar ponto ideal, segundo Morgan Stanley

Por Ye Xie e Maria Levitov.

Fotógrafo: Dado Galdieri/Bloomberg

Da crise na Grécia à maior corrida em duas décadas para vender ações chinesas, as moedas dos mercados emergentes não estão tendo sossego.

Um índice de taxas de câmbio de países em desenvolvimento caiu mais de 5 por cento desde meados de maio e ficou a 0,9 por cento de um recorde estabelecido em março. Parece que as perdas continuarão, e os estrategistas consultados pela Bloomberg projetam que todas à excepção de 6 das 24 principais moedas de mercados emergentes vão se desvalorizar até meados do próximo ano.

Embora os declínios tenham ajudado a diminuir os déficits comerciais de países como a Turquia e a África do Sul, eles estão alimentando a inflação do Brasil até a Rússia, o que poderia prejudicar o crescimento. Isso está redobrando a pressão sobre moedas já abaladas pela perspectiva do aumento das taxas de juros nos EUA, que está afastando investimentos, e pelo desmoronamento dos preços do petróleo e dos metais.

“As moedas dos mercados emergentes estão novamente sob uma forte pressão para venda nesses dias e enfrentam uma tempestade perfeita com a desaceleração do crescimento na China, as agitações na Grécia, a expectativa dos temores de um aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) e a queda das commodities”, disse Bernd Berg, estrategista do Société Générale SA em Londres. “O impulso do crescimento nos mercados emergentes continuará desmoronando”.

O Morgan Stanley, que dois anos atrás cunhou a expressão “cinco frágeis” para descrever as moedas de países emergentes mais vulneráveis a uma queda nos investimentos estrangeiros, disse nesta semana que o “ponto ideal” para as taxas de câmbio dos mercados emergentes estava sendo “difícil de achar”.

Escopo amplo

O Morgan Stanley continua baixista em relação às moedas de países emergentes e disse que o won da Coreia do Sul está particularmente propenso à fraqueza. As cinco frágeis mencionadas são o real brasileiro, o rand da África do Sul, a rúpia da Indonésia, a lira turca e a rúpia da Índia.

O escopo do declínio é amplo. Todas as moedas de mercados emergentes de importância, exceto cinco, caíram frente ao dólar nos últimos trinta dias, lideradas pelo real e pelo zloty da Polônia. Ambas declinaram mais de 3 por cento, para o valor mais baixo desde março.

Na América Latina, depressões mais prolongadas foram exacerbadas depois que um indicador da Bloomberg sobre commodities, as principais fontes de exportação da região, atingiu a menor leitura desde 2002. O peso mexicano chegou a um valor mínimo recorde na terça-feira, o chileno despencou para a menor cotação em seis anos e o colombiano foi negociado a seu nível mais fraco em uma década.

Fluxo de saída

Os investidores extraíram US$ 1,4 bilhão de fundos negociados em bolsas de mercados emergentes na semana encerrada em 3 de julho, o maior montante desde março, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O fluxo de saída continuou nesta semana, enquanto os ministros de Economia da Europa tentavam chegar a um acordo sobre um pacote de resgate para a Grécia que mantivesse o país na zona do euro. O país tem tempo até uma cúpula de líderes da zona do euro no domingo para concordar com um pacote ou poderá ser expulso do bloco da moeda única.

“É difícil achar o ponto ideal para as moedas de mercados emergentes”, escreveram estrategistas do Morgan Stanley liderados por James Lord em uma nota na quarta-feira. A recuperação “depende em grande parte de que os responsáveis pela política econômica no mundo dos mercados emergentes arrumem a própria casa a fim de atrair novamente o capital internacional e aumentar a competitividade das exportações”.

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