Por Sebastian Boyd.
A Petrobras está se tornando uma empresa com menor risco de calote diante dos olhos de detentores de bonds apesar dos prejuízos crescentes após um escândalo de corrupção sem precedentes.
O motivo é que a valorização de 8,1 por cento do real neste ano em relação ao dólar — segundo maior ganho do mundo — está reforçando a capacidade da estatal de pagar dívidas denominadas na moeda americana. Os yields de US$ 1,6 bilhão em bonds da Petrobras com vencimento em março de 2017 caíram quase seis pontos percentuais em relação à maior alta dos últimos três meses, registrada em 20 de janeiro. Os títulos agora rendem menos que as notas que vencem em 2024, uma reversão da chamada curva invertida que prevaleceu há apenas dois meses.
A força do real é um raro ponto positivo para a Petrobras, que reportou um inesperado prejuízo líquido recorde na semana passada, de R$ 36,9 bilhões (US$ 10,2 bilhões) no quarto trimestre porque a queda dos preços do petróleo desencadeou baixas contábeis de ativos. A empresa — que está no centro da investigação da Lava Jato, que continua se expandindo — tem US$ 21 bilhões em dívidas em dólares a vencer nos próximos quatro anos. Isso a deixa dependente da oscilações favoráveis na moeda local para tornar os pagamentos mais gerenciáveis.
“O real mais forte ajuda”, disse Eduardo Vieira, analista de crédito de mercados emergentes do Deutsche Bank em Nova York.
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