Deutsche Bank projeta impacto do Brexit em investment banking

Por Nicholas Comfort.

A decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia provavelmente vai diminuir a receita do setor de finanças, inclusive em investment banking, porque empresas preocupadas com as consequências econômicas podem adiar aquisições e vendas de ações, segundo o Deutsche Bank.

“O ambiente do mercado externo se deteriorou para todos” desde o referendo do dia 23 de junho, disse Alasdair Warren, diretor da unidade de serviços bancários corporativos e investment banking do banco na Europa, no Oriente Médio e na África. “Ninguém nos serviços financeiros se beneficia. A consequência é um conjunto menor de comissões”.

Analistas em ambos os lados do Atlântico reduziram as estimativas de lucros dos maiores bancos de investimento por causa das expectativas de que a incerteza econômica e as oscilações cambiais ligadas ao Brexit irão dissuadir a venda de títulos e as grandes transações. Isso poderia frustrar as tentativas do Deutsche Bank e de outros credores europeus de reduzir custos, elevar os níveis de capital e restringir o foco em unidades custosas de trading de dívida.

“Não é um cenário promissor, mas estamos bem posicionados e a nossa fatia relativa do bolo de comissões disponível provavelmente aumentará”, disse Warren. “A implementação da decisão britânica de deixar a União Europeia pode demorar muito mais do que dois anos. Isso vai gerar uma grande incerteza”.

Diferenças

Como tem escritórios fora de Londres, entre eles a sede em Frankfurt, o Deutsche Bank não está sujeito aos mesmos problemas de pessoal, infraestrutura, capital e acesso aos mercados europeus que os concorrentes de fora da UE, segundo Warren.

O banco está tentando reconstruir e expandir sua posição em investment banking europeu e não irá mudar de ideia por causa da turbulência, disse ele. “Em muito poucas situações somos a primeira ou a segunda opção dos nossos clientes. Muitas vezes, épocas de crise são os melhores momentos para construir relações mais fortes”.

Algumas empresas poderiam tentar tirar proveito de uma queda potencial dos preços, segundo Warren. “Para um investidor na China, com um horizonte de décadas, esse assunto parece algo passageiro e até uma oportunidade”, disse ele. Além disso, provavelmente também haverá transações dentro da UE, mas uma parte da atividade interfronteiriça, que é maior, pode diminuir, disse ele.

Problemas

Uma questão que complica a reformulação do Deutsche Bank é a motivação dos funcionários. O banco disse na semana passada que uma pesquisa interna mostrou que neste ano um número menor de funcionários se sente comprometido com o banco na comparação com um ano atrás e que menos da metade disse se orgulhar de trabalhar no banco.

“É óbvio que nós precisamos focar na receita, mas também precisamos focar nos funcionários e deixar de usar apenas a remuneração como instrumento direto para manter o banco funcionando”, disse Warren. “Nós investimos menos do que deveríamos em nossos funcionários e precisamos mudar isso”.

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