Por Natasha Doff com a colaboração de Cecile Gutscher.
Os preços de ativos estão causando desconforto no mercado e o alerta vem de especialistas como Alan Greenspan, representantes do Federal Reserve e gestores com dinheiro sobrando.
Títulos de alto rendimento em euros estão sendo negociados em linha com os Treasuries dos EUA pela primeira vez na história. O Tajiquistão está vendendo eurobônus, já que os retornos dos títulos mais arriscados de mercados emergentes estão abaixo de 6 por cento. Um fundo de índice (ETF) que apostou na baixa volatilidade mais do que dobrou em tamanho neste ano. Isso sem falar no rali do Bitcoin.
Os preços de ativos estão mais “borbulhantes” do que em períodos de efervescência anteriores, alertam analistas do Bank of America Merrill Lynch. A culpa, dizem, é dos bancos centrais, que inundaram os mercados com mais de US$ 14 trilhões em estímulos e afastaram os investidores do espectro de risco para gerar retorno. Representantes do Fed disseram em agosto que os preços de ativos aumentaram de “notáveis para elevados”.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, tentou afastar as preocupações na quinta-feira, dizendo a repórteres que “não há perigo sistêmico” de bolhas.
Com tantos potenciais cenários de bolhas para analisar, perguntamos a gestores de fundos multiativos quais deles seriam os mais negativos.
Remi Olu-Pitan, da Schroder Investment Management, concorda com os comentários de Greenspan no mês passado, quando disse que há uma crescente bolha nos mercados de renda fixa. O ponto mais perigoso, disse a gestora, está no crédito de alto grau de investimento, porque é onde os fundos buscam retorno quando não o encontram em dívida soberana.
“O plano de pensão médio nos EUA ainda está tentando gerar um retorno de 7,5 por cento”, disse Olu-Pitan. “Não podem colocar tudo em renda variável para gerar retorno, por isso há uma pilha de dinheiro indo para dívida para conseguir esse rendimento extra. Se isso começar a desandar, tudo desanda e não há lugar para se esconder.”
Zona de perigo
O fato de que os junk bonds (de grau especulativo) já não recompensam os investidores por todo o risco que assumem os coloca em um território de bolha, diz Ben Kumar, gestor de recursos da Seven Investment, em Londres. Ele destaca as empresas europeias, cujos retornos estão sendo negociados próximos a níveis recordes de baixa.
Kumar não está sozinho. Gestores de recursos, que administram cerca de US$ 1,1 trilhão em ativos, disseram recentemente que estão reduzindo a exposição a esta classe de ativos. Bônus de alto rendimento normalmente respondem de maneira mais forte do que outros ativos a choques do mercado, porque os investidores tendem a diminuir as apostas mais arriscadas primeiro.
“Há uma chance de que uma bolha em [títulos] europeus de alto rendimento possa estourar muito rapidamente e muita gente pode entrar em pânico”, avalia Kumar, que ajuda a administrar 10 bilhões de libras esterlinas (US$ 13 bilhões) em ativos.
“É onde você tem baixa liquidez, baixa visibilidade e uma propensão maior do investidor para o pânico.”
Christian Hille, chefe global de fundos multiativos da Deutsche Asset Management, não acredita que o mercado de renda fixa esteja em uma zona de bolha. Mas, se o apetite por risco continuar a aumentar no ritmo atual, uma bolha poderia se formar facilmente no espaço de crédito alavancado, já que os investidores “são obrigados a descer a escada do risco”.
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