Por Srinivasan Sivabalan com a colaboração de Samuel Dodge, Selcuk Gokoluk e Yumi Teso.
O principal risco para os investidores em ações dos mercados emergentes não é serem pegos de surpresa por uma queda, mas saírem da alta cedo demais.
As ações estão comemorando o segundo aniversário de uma disparada que começou depois que os EUA elevaram os juros pela primeira vez em uma década e os gestores de recursos se perguntam até onde os ganhos poderão chegar. É provável que em breve ocorram algumas perdas, mas a grande questão é se esta será uma correção temporária ou o fim de uma alta que nem deveria ter acontecido.
Na verdade, alguns sinais alertam que o mercado pode estar superaquecido: após um avanço de 80 por cento as ações estão com os preços mais caros em oito anos e os padrões técnicos atingiram pontos que provocaram declínios no passado. Mas a análise dos fundamentos mostra que há muito espaço para que as ações continuem recompensando os investidores.
“Uma oscilação de mais de 30 por cento no mercado normalmente indicaria uma distensão na avaliação das ações”, escreveu Edward Evans, gerente de portfólio de ações da Ashmore Group em Londres, em nota a clientes. “No entanto, este não é o caso. A força do mercado foi acompanhada pelo crescimento aprimorado dos resultados corporativos.”
Em 21 de janeiro de 2016, aqueles de nós que cobríamos os mercados emergentes na Bloomberg nos esforçávamos para escrever uma história triste e verdadeira: uma crise de US$ 2,3 trilhões que fez com que as ações tivessem o pior começo de ano já registrado, com pelo menos 26 países em desenvolvimento em um bear market. A maioria dos analistas colocou a culpa no aumento dos juros do Federal Reserve, o banco central dos EUA, pela fuga de capitais e previu mais perdas.
Dois anos depois, há uma abundância de riqueza. O índice de referência MSCI Emerging Markets Index registrou o melhor começo em seis anos, quase batendo um recorde. A capitalização de mercado nunca foi maior, em US$ 20 trilhões. A volatilidade é inferior à metade do que era em 2016 e as estimativas de lucros cresceram em mais de um terço.
Mas aqui está o cerne da questão: os investidores não aumentaram o prêmio que pagam para ter ações dos mercados emergentes tão rapidamente quanto os analistas aumentaram as estimativas de lucro para as empresas. Os próximos meses poderiam mostrar que um desses grupos está errado, mas serão os investidores ou os analistas?
Os ganhos reais estão atendendo às expectativas pela primeira vez em seis anos, o que significa que são os investidores que precisam se aproximar dos analistas, não o inverso.
É claro que a dinâmica do mercado pode permanecer distante dos fundamentos durante longos períodos. Um colapso das ações dos EUA poderia repercutir nos mercados emergentes. Por estas razões, faz sentido que os investidores se protejam contra um potencial declínio em breve.
Mas o alinhamento entre ganhos e expectativas, juntamente com avaliações relativamente mais baratas, sugerem que os mercados emergentes voltarão a se recuperar.
“Os dados indicam o início de uma rotação mais significativa de volta aos mercados emergentes por parte dos investidores atraídos por seus sólidos fundamentos”, escreveu Evans.
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