Diversificar conselhos do setor de energia pode ajudar planeta

Por Ainslie Chandler.

O setor de energia dos EUA responde por 83,6 por cento das emissões de carbono no país, segundo a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA, na sigla em inglês). Portanto, para enfrentar a mudança do clima é preciso de fato que ele participe. Alguns especialistas estão preocupados com o fato de que a falta de diversidade entre os líderes do setor esteja obstruindo essa mudança.

Os conselhos do setor de energia são os menos diversos do mundo, com 8,2 por cento dos assentos ocupados por mulheres, em comparação com uma média de 10,5 por cento para o total de empresas, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa equivale a uma média de apenas 0,7 mulheres no conselho de cada uma das 650 empresas de energia na análise da Bloomberg.

Mais de 170 países assinaram o Acordo de Paris em abril, que visa limitar o aumento da temperatura global a menos de dois graus Celsius. Para cumprir essa meta e realizar a transição para uma economia “descarbonizada”, as empresas terão que mudar de forma fundamental, portanto as equipes de líderes também terão que mudar, disse Rachel Kyte, CEO e representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas na iniciativa Sustainable Energy for All.

“É como se fosse um ônibus chegando até nós”, disse Kyte sobre a mudança do clima e a transição para a energia renovável. “Se continuarmos perguntando às mesmas pessoas e elas continuarem dando a mesma resposta, não vamos administrar muito bem essa transição”.

Ajuda

Mais mulheres poderiam ajudar os conselhos a abordar as metas de mudança do clima porque elas contribuem com perspectivas diferentes sobre como interpretar e enfrentar os riscos, disse ela.

Mais de 51 por cento das empresas no setor de energia não têm mulheres nos conselhos. As maiores entre elas por valor de mercado são a PetroChina e a Cnooc, com sede em Pequim, e a Gazprom, a Rosneft e a Lukoil, com sede em Moscou, mostram dados da Bloomberg. As empresas não responderam a pedidos de comentários enviados por e-mail.

Existem 29,3 por cento com uma mulher no conselho, em comparação com 31,6 por cento nas empresas de todos os setores, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Uma pesquisa feita pela Catalyst, uma associação sem fins lucrativos que promove a igualdade de gênero para as mulheres no local de trabalho, mostra que as empresas com maior diversidade de gênero prestam mais apoio a programas de responsabilidade social e corporativa, segundo Brande Stellings, vice-presidente de serviços para conselhos corporativos.

‘Promove a diversidade’

A Independent Petroleum Association of America “promove a diversidade” no setor de energia e tem três mulheres em seu conselho, disse o grupo por e-mail.

Embora se afirme cada vez mais que uma maior diversidade de gênero nos conselhos poderia significar que se prestará mais atenção à sustentabilidade, a análise da Bloomberg mostrou que a pontuação dos conselhos das empresas dada pela International Shareholder Services não mostrava menos riscos de governança quando o número de mulheres no conselho dessas empresas aumentava.

Nos EUA, a Spectra Energy Partners, uma sociedade limitada formada pela Spectra Energy, tem um dos conselhos mais diversos, com 42,9 por cento dos assentos ocupados por mulheres, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa francesa Total tem 54,5 por cento.

“Na Total, estamos plenamente convencidos de que a igualdade de gênero, e de forma mais ampla, a diversidade acrescentam uma dimensão à inteligência coletiva necessária para expandir e administrar empresas”, disse Manoelle Lepoutre, vice-presidente sênior de carreiras e gestão de executivos superiores da Total. “Diferentes perspectivas, diferentes atitudes para uma variedade de desafios são fundamentais para identificar novos caminhos de crescimento e sucesso”.

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