Dívida de mineradoras foi um dos melhores investimentos do ano

Por Sally Bakewell, Molly Smith e Tom Beardsworth.

Um dos lugares mais lucrativos para quem investe em títulos neste ano foram as empresas mineradoras, do Brasil ao México. Os shopping centers da América do Norte foram alguns dos piores.

E, como o ano está chegando ao fim, os investidores se perguntam onde acabarão em 2018 agora que o estímulo financeiro global está diminuindo aos poucos.

Empresas de commodities como Vale e Southern Copper ficaram entre as queridinhas do mercado de crédito este ano, acumulando retornos totais de até 30 por cento, mostram dados compilados pela Bloomberg. A dívida financeira de maior risco da Europa também saiu ganhando ao registrar avanços significativos. No outro extremo da escala, a farmacêutica Teva Pharmaceutical Industries e a Toys “R” Us, varejista que entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA e cujos títulos chegaram a perdas de 70 por cento.

“A recuperação do crescimento econômico global foi mais generalizada e robusta do que se esperava, e os vencedores foram grandes setores macroeconômicos, como metais e mineração”, disse Stephen Philipson, chefe de renda fixa e mercados de capitais da U.S. Bancorp. “A dinâmica nos EUA tem sido o efeito da Amazon, com algumas empresas e setores em dificuldade para concorrer e se definir na nova economia on-line.”

Quando os investidores fecharem o ano, o que espera por eles é a retirada gradual da compra de títulos sem precedentes dos bancos centrais, que empurrou os investidores para ativos de maior rendimento e provocou alertas de que o risco estava sendo mal calculado. Como as taxas de juros dos EUA devem subir, reformas tributárias estão sendo aprovadas e o bull market está envelhecendo, a perspectiva de crédito para 2018 é, na melhor das hipóteses, opaca.

“Este ano girou em torno de encontrar os riscos que você queria assumir; o crédito do mercado emergente ou o crédito que cooperava com o crescimento global sincronizado”, disse Henry Peabody, gestor de recursos da Eaton Vance. “O próximo ano será quase o oposto: haverá preocupação com a complacência e com os riscos de buscar rendimento.”

A seguir, a melhor e a pior operação de crédito deste ano e o que esperar delas em 2018:

Metais e mineração

Talvez estivessem buscando outros minerais, mas as mineradoras encontraram ouro neste ano. Os metais de base tiveram um 2017 excelente, impulsionados pela recuperação do crescimento global, pelo compromisso da China com a redução da produção de metais que poluem e pelas políticas do governo Trump em prol do crescimento e da indústria nacional. Os títulos de Southern Copper, Vale, Barrick Gold, Goldcorp e Newmont Mining registraram retornos de até 30 por cento neste ano e poderiam continuar subindo.

Esse aumento de preço pode ganhar ainda mais impulso nos próximos meses, quando a China, que produz cerca de metade do aço e do alumínio do mundo, pretende intensificar os cortes. A produção de aço em novembro foi a menor em nove meses, e a de alumínio é a menor desde fevereiro de 2016.

Teva

A Teva, companhia farmacêutica israelense abalada por aquisições inoportunas e pelo aumento da concorrência por seus medicamentos genéricos, foi a empresa de pior desempenho na dívida com grau de investimento neste ano. Seus US$ 3,5 bilhões de notas a 3,15 por cento registraram um retorno de -5,3 por cento neste ano, e os 1,5 bilhão de euros em títulos a 1,125 por cento se saíram ainda pior.

O CEO Kare Schultz, que assumiu o comando no mês passado, planeja eliminar 14.000 empregos em todo o mundo na tentativa de reduzir as despesas em US$ 3 bilhões até o final de 2019. A ação da Teva deu um salto histórico com a notícia, mas os detentores de títulos não ficaram tão entusiasmados. A Fitch Ratings rebaixou a Teva a junk em novembro, e Moody’s Investors Service e S&P Global Ratings mantiveram as classificações de grau de investimento mais baixas. Todas as três alertaram para a possibilidade de mais um rebaixamento.

Um representante da Teva não quis comentar.

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