Dólar mostra força mesmo após BC reduzir swaps

Por Josué Leonel com a colaboração de Patricia Lara e Daniela Milanese.

Após ensaiar queda na abertura, o dólar voltou a subir, mesmo após o Banco Central ter anunciado ontem a redução do volume no leilão de swaps reversos de 10.000 para 5.000 contratos. Se a volatilidade continuar elevada, o BC pode suspender totalmente os leilões, dizem analistas. Afinal, mesmo com volume menor o BC ainda está comprando o equivalente a US$ 250 milhões. Ou seja, comprando quando a moeda está pressionada, o BC coloca lenha na fogueira.

O BC já deveria não ter anunciado qualquer leilão de swaps para hoje, em vez de apenas reduzir o volume, diz Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Credit Agricole Indosuez. “Se o movimento de hoje continuar, o BC deve suspender os leilões”. Mauricio Oreng, do Rabobank, também considera que o BC pode interromper os leilões se o mau humor do mercado prosseguir.

AS 10 MOEDAS MAIS VOLÁTEIS DO MUNDO (TABELA)

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Entre as principais moedas globais, apenas o peso mexicano tem rivalizado com o real brasileiro em termos de fraqueza nos dois últimos dias. A moeda do México, 7º maior parceiro comercial brasileiro, sofre com a possibilidade de Donald Trump, cujas políticas poderiam prejudicar o país, vencer as eleições nos EUA.

O principal fator de aflição para os mercados emergentes, contudo, continua sendo o risco de o Fed elevar os juros no encontro da próxima quarta-feira, que se soma à queda recente do petróleo como fator de preocupação no cenário global. Embora o mercado mostre ainda apenas 20% de chance de alta dos juros americanos, os investidores assumem uma postura de cautela, sobretudo quanto a moedas naturalmente voláteis, como o real brasileiro, o que mais oscila contra o dólar entre as principais divisas de emergentes.

Fatores domésticos, contudo, também estão pesando. Embora não seja consenso entre os profissionais do mercado, alguns analistas mostraram preocupação com as ameaças de Eduardo Cunha de fazer uma delação incriminando membros do governo Temer, como retaliação por ter sido cassado. As notícias de hoje, sobre negociações de deputados do Centrão com o PT para formar um bloco que poderia se opor ao governo, também não foram bem recebidas, dado que aprovar as reformas fiscais exige suporte político.

A volatilidade deve continuar elevada à medida em se aproximam decisões de alguns dos mais importantes bancos centrais do mundo, como os dos EUA e Japão, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. Diante da incerteza externa, o mais importante para o Brasil é reduzir as fragilidades internas, aprovando as reformas, diz a economista. “O mercado está avesso ao risco e o mais importante é a aprovação das medidas fiscais.”

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