Dólar valorizado em caso de recessão nos EUA seria má notícia

Por Vivien Lou Chen.

O dólar está em alta em 2019, enquanto a expectativa de recessão nos Estados Unidos aumenta. Se o dólar continuar valorizado e a economia encolher, alguns especialistas temem que essa combinação dificulte a recuperação da economia.

Um indicador do Federal Reserve de Nova York mostra uma probabilidadeacima de 30% de uma desaceleração nos próximos 12 meses. Exportações e investimentos são fundamentais para o PIB dos EUA. Se o dólar subir enquanto os juros caem – e traders apostam que o Fed continuará a reduzi-los -, restariam apenas os consumidores e a política fiscal para impulsionar o crescimento.

A valorização do dólar tende a correr os lucros de multinacionais dos EUA, mas também eleva os custos de empresas estrangeiras com trilhões em dívidas denominadas na moeda americana. O impacto da força do dólar em outras economias poderia até encorajar esses países a se unirem aos EUA em uma tentativa de enfraquecer a moeda.

“Se a economia dos EUA realmente começar a desacelerar e o dólar continuar se fortalecendo, isso indicaria um deslocamento com os fundamentos insustentável e que chamará a atenção dos formuladores de políticas”, disse Ben Randol, estrategista sênior de câmbio do Bank of America, em entrevista por telefone. “Se os EUA puderem fazer com que suas preocupações sejam ouvidas com seus equivalentes internacionais, poderá obter apoio para uma intervenção coordenada que diminua a força do dólar.”

Serão necessários mais de dois meses para ver qual dos dois padrões históricos irá se desenvolver, diz Randol. O primeiro é que o dólar se desvalorize, como aconteceu antes das recessões de 1990-91 e 2007-09. Ou o movimento de valorização poderia continuar, como aconteceu antes, durante e depois da recessão de 2001.

Como o desempenho do país tem sido melhor do que o das principais economias desenvolvidas com dois importantes fatores – maior crescimento econômico e rendimentos de títulos mais altos -, os recursos internacionais estão fluindo para o dólar mesmo em meio à escalada da guerra comercial EUA-China e ao corte de juros pelo Fed em 31 de julho.

O dólar, que tem superado todos as moedas de países do G-10 este ano, com exceção de três, registra sua melhor década, com base em um indicador de longo prazo do desempenho da moeda que remonta ao final da década de 1960; um índice da Bloomberg acumula alta de 33% desde de atingir uma baixa pouco antes de os EUA perderem a classificação AAA da S&P em 2011.

Para Christopher J. Wolfe, diretor de investimentos da First Republic Private Wealth Management, “o diferencial da taxa de juros com outros países explica por que o dólar permanece forte.” E acrescentou: “O dólar americano é a escolha fácil e clara como um depósito seguro.”

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