Por Chikako Mogi, Kazumi Miura e Hiroko Komiya.
Mario Draghi e Haruhiko Kuroda precisam de moedas mais fracas para impulsionar suas economias, mas não as terão sem a ajuda do banco central dos EUA.
A perspectiva do Federal Reserve, a ser anunciada nesta quarta-feira, será monitorada com atenção particular pelo Banco Central Europeu e pelo Banco do Japão em um momento em que suas medidas sem precedentes de flexibilização monetária parecem perder impacto. O euro ganhou força depois que o BCE ampliou os estímulos, na semana passada, e o iene logo eliminou perdas iniciais e avançou depois que a autoridade monetária anunciou política de juros negativos pela primeira vez na história, em janeiro. O euro subiu 2,1 por cento em relação ao dólar neste ano e o iene deu um salto de 5,8 por cento.
“A flexibilização quantitativa, se dependente das moedas, exige que o Fed coopere, e se o Fed não cooperar, a efetividade cai”, disse Roger Bridges, estrategista-chefe global de juros e moedas da Nikko Asset Management Australia em Sidney.
Traders aguardam até que a diferença entre os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e as taxas de papéis do exterior chegue a um ponto de inflexão que provoque desvalorização do euro e do iene.
Embora o prêmio das Treasuries de dois anos sobre os Bunds alemães de vencimento similar tenha aumentado para 1,42 ponto percentual, vindo de 1,24 dois meses atrás, até agora o euro se mostrou resistente e registrou valorização de 1,6 por cento. O prêmio dos títulos do Tesouro dos EUA sobre os bônus japoneses aumentou de 0,87 para 1,14 ponto percentual apesar de o iene ter avançado 2,9 por cento.
Fortes oscilações
As probabilidades de o Fed dar sequência ao aumento dos juros realizado em dezembro — o primeiro desde 2006 — aplicando outro neste ano oscilaram fortemente nos últimos três meses. As chances de uma mudança até o fim do ano aumentaram para 80 por cento, contra apenas 11 por cento em 11 de fevereiro, segundo dados compilados pela Bloomberg a partir dos contratos futuros para a taxa básica de juros dos EUA.
Traders veem probabilidade inferior a 50 por cento de dois aumentos até o fim do ano, contrastando com a orientação anterior do Fed de que espera elevar as taxas de juros quatro vezes em 2016.
“As reuniões do Banco do Japão e do BCE revelaram que nem mesmo juros negativos são capazes de desvalorizar as moedas se não houver convicção em relação ao Fed”, disse Daisuke Karakama, economista-chefe de mercado em Tóquio do Mizuho Bank, unidade do terceiro maior banco do país. “As duas reuniões deixaram claro o efeito adverso dos juros negativos”.
‘Mais vulnerável’
O BCE pode ter mais sorte que o Banco do Japão porque o euro poderia ser derrubado por riscos globais, como os problemas bancários europeus, as preocupações geopolíticas no Oriente Médio e a incerteza em relação ao plebiscito do Reino Unido sobre a saída da União Europeia, disse Shusuke Yamada, estrategista de câmbio da Merrill Lynch, unidade do Bank of America, em Tóquio.
O Bank of America Merrill Lynch projeta que o euro cairá para 110 ienes até o fim do ano, contra 125,88 atualmente. A projeção é a mais pessimista após a do Barclays, de 90 ienes, segundo pesquisas com analistas compiladas pela Bloomberg.
“A Europa está mais vulnerável aos riscos globais e isso se refletiu na nossa projeção para um euro mais fraco em relação ao iene”, disse Yamada. “Há mais riscos de eventos na Europa, incluindo problemas no setor bancário e o risco de uma saída do Reino Unido da UE”.
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