E agora? Brexit terá dois anos de negociações amargas

Por Ian Wishart e Matthew Campbell.

Os eleitores britânicos optaram por abandonar a União Europeia, o que dá início a pelo menos dois anos de negociações amargas. A seguir, um guia do que vem pela frente.

Quanto tempo David Cameron ficará?

O primeiro-ministro disse na manhã de sexta-feira que permanecerá no cargo pelo menos três meses para “estabilizar o barco”. Ele disse que a Grã-Bretanha deverá ter um novo líder na época da conferência anual de seu partido, em outubro, e que o próximo primeiro-ministro é quem deverá iniciar as negociações formais com a UE.

O que vai acontecer agora?

Cameron irá a Bruxelas na próxima semana para informar aos líderes da UE sobre a situação do Reino Unido. Os líderes dos outros países vão querer saber que tipo de relação o Reino Unido pretende ter com a UE. Antes disso, os seis membros fundadores do bloco se reunirão em Berlim no sábado. Também poderia ser convocada uma reunião de emergência entre Ministros das Finanças durante o fim de semana. Cameron disse na sexta-feira que não vai ativar o início do processo de separação conforme o Artigo 50 do tratado da UE. Essa será uma tarefa do próximo primeiro-ministro.

Uma vez ativado o Artigo 50, o Reino Unido tem formalmente dois anos para negociar como sairá do bloco. Analistas afirmam que é improvável que esse período seja suficiente para resolver os acordos comerciais mais complexos e que as negociações devem continuar durante muito tempo depois que o Reino Unido sair oficialmente.

Quem conduzirá as negociações?

O mais provável é que o sucessor de Cameron seja um dos líderes da campanha pela Brexit, como o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, ou o secretário de Justiça, Michael Gove. A presença deles pode endurecer a posição dos outros governos da UE. O voto pela saída também poderá gerar pedidos de eleição geral para pôr a casa em ordem e eleger um governo encarregado especificamente de negociar com o restante da UE.

Que tipo de acordo os britânicos vão querer?

Isso ainda não foi definido, é algo a que os defensores da saída não conseguiram dar uma resposta definitiva durante sua campanha vitoriosa. Três questões em particular estarão em foco para investidores e executivos: qual acordo novo vai regular o comércio, que movimenta US$ 575 bilhões por ano, entre a Grã-Bretanha e o restante da UE? Sob quais condições as empresas do Reino Unido terão acesso ao mercado comum da UE, avaliado em US$ 13,6 trilhões? E os bancos com sede no Reino Unido continuarão podendo fazer negócios com o restante da UE?

O que a UE vai oferecer?

As políticas internas vão influir e, de Helsinki a Atenas, talvez os líderes não queiram conceder à Grã-Bretanha um acordo favorável com amplo acesso ao mercado porque isso traria o risco de estimular movimentos contrários à UE em seus próprios países.

A resposta vai se dividir basicamente em dois grupos: a abordagem pragmática alemã provavelmente admitirá que o Reino Unido precisa continuar sendo um parceiro comercial importante; os franceses vão liderar o outro grupo, que acredita que a saída não deverá ser fácil e que os países de fora não merecem as mesmas condições favoráveis concedidas aos membros da UE.

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